Ricardo Maciel, Robson Rocha e Wadson Xavier. Contribuições pelo E-mail: estandartedopovo@hotmail.com | Deixa o estandarte do povo passar eu quero ver esta gente cantar cantando a plenos pulmões a alegria dos corações que ainda precisam do samba pra chorar Canta, minha gente canta Eu vou cantar com empolgação |
terça-feira, 28 de setembro de 2010
O chão da minha cidade
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Resenha - A Luta pelo Direito (IHERING, Rudolf Von)
Sonhei com Gente - Ricardo Maciel
Sonhei com gente
que carregava
burros nas costas.
Os seres humanos
faziam às vezes
dos animais de carga.
E arfavam desesperadamente
carregando
os imensos jumentos.
Em outro canto,
um banquete.
Ébrios brindavam no salão,
um especialmente
apontava sedutoramente
a estátua do Deus Baco,
que convidada com razão:
“Você quer ficar conosco”.
Contudo, vi,
no plano abaixo dele,
os olhos horríveis
de seu pai,
que estático
devorava os corpos
daqueles que o filho atrai.
Continuei a vagar
entre sonhos.
Não se pode
escolher sonhar.
Passeava num morro
vestido de Diabo.
Provém ser caçador
para não ser caçado.
No topo vi a cena
Do colosso que se erguia
O comboio rumo à guerra
acordou o gigante
que dormia.
Pôs-se de pé em fúria,
E o povo embaixo:
“Há de nos esmagar
Com uma só pisada”.
De pés tão rudes e grandes
fugiu até o Diabo.
Penetrei então
um salão da inquisição.
Padres ajoelhados
solenemente rezavam.
A dor do cristo ardente
carregavam nas faces.
E na confissão dos penitentes
arrancavam o mal
daqueles inocentes.
Me esgueirei pelos cantos
Satanás não é bem-vindo.
Quando saia ainda vi
A fogueira queimando gentes.
Vagava triste Diabo
perdido nas visões
de cenas amargas
que revelam
as humanas ilusões.
Mas ainda um pensamento
estava por principiar,
vi a última imagem
já perto de acordar:
Na entrada da cidade
subia com felicidade
um cortejo de folia popular.
Cantando e dançando carregavam
o Estandarte que vinha a passar.
Ricardo Maciel
domingo, 26 de setembro de 2010
A esquecida operação Satiagraha
Assistam!
http://www.youtube.com/watch?v=UhI_WVSQtXE
Confiram
sentença do juiz Fausto Martin de Sanctis, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo
http://download.uol.com.br/ultnot/081202Satiagraha.pdfDantas, sócio-fundador do Grupo Opportunity, foi condenado em sentença do juiz Fausto Martin de Sanctis, da 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, a dez anos de prisão em regime fechado por corrupção ativa, por tentativa de suborno a um delegado durante a Operação Satiagraha, da Polícia Federal.
Art. 333, caput, do CP
Obs: 310 páginas
Nota-se apenas o crime acima, objetivando claramente a ocultação de tantos outros. Onde estão?
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
QUEM COMEU O CORONEL?
Para o dono de uma lanchonete de Penedo, a 170 km de Maceió (AL) tratava-se de uma estratégia de marketing. Para o comandante da Polícia Militar na cidade, era uma ofensa à Corporação.
E assim, por batizar os sanduíches da casa com patentes militares, Alberto
Lira, 38 de idade, dono da lanchonete Mister Burg, acabou detido por ordem do comandante da PM local.
Afinal, entendeu o militar, não ficaria bem alguém chegar na lanchonete e
pedir: "quero um coronel mal passado".
Ou sair de lá dizendo: "acabei de comer um sargento".
Na delegacia foi lavrado boletim de ocorrência e, face ao tumulto havido, a casa comercial fechou durante algumas horas.
Como o delegado de plantão entendeu que não havia motivo para prisão, Lira foi liberado horas mais tarde. Os cardápios da lanchonete foram recolhidos para avaliação e a casa reaberta em seguida. Aproveitando-se da inesperada repercussão, a lanchonete quer manter o cardápio que desagrada a PM.
A casa oferece lanches como o "coronel" (que é o filé com presunto), o
"comandante" (um prato com calabresa frita) e por aí vai.
A brincadeira foi demais para o parco humor dos militares, que dizem que
os nomes dos pratos provocavam chacotas e insinuações contra os policiais entre os moradores da cidade de 60 mil habitantes.
Lira, o dono da lanchonete, diz que não teve nem tem nenhuma intenção de brincar ou ofender a Corporação. O cardápio - garante o dono da lanchonete - pretendia ser uma homenagem à hierarquia militar.
O prato mais caro era o "comandante".
O comerciante contratou ontem (15) o advogado Francisco Guerra para entrar com uma denúncia por abuso de autoridade contra o comandante local da PM e uma ação reparatória por dano moral contra o Estado de Alagoas. Nela vai salientar que não existe nenhum texto legal que impeça um restaurante de incluir, no seu cardápio, "lula à milanesa", "filé a cavalo" ou "coronel mal passado", etc.
O advogado já pediu habeas corpus preventivo para evitar outra detenção de seu cliente. A peça sustenta que "se o argumento do comandante fosse válido, nenhuma festa de criança poderia ter brigadeiro".
Como se sabe, brigadeiro - além de ser a mais alta patente da Aeronáutica - é também o nome do docinho obrigatório em aniversário de crianças.
"Em Penedo, comer brigadeiro, pode! Comer coronel, Não pode!" - ironizam os advogados da cidade.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u336157.shtml
A primavera volta cantando - Ricardo Maciel
Planando sobre os vales
Abraçando as cidades
Deitando-se nas serras.
Na primavera volto cantando
E no jorrar da vida matinal
No sul da esfera astral
Vou fecundando tuas terras.
Num grande abraço profundo,
sinto a força da terra que brota,
desde a era mais remota,
em tempos de origem do mundo.
Olho para a vastidão dos campos
E os montes no poente longínquo
Enxergo os abismos profundos
Vejo os mares verdes dos oceanos .
Vamos montados em leões
Até os desertos distantes
E correndo no lombo das feras
lembrar que viemos de outras eras.
Quando lá tivermos chegado
Juntos vamos beber
A água que corre nos rios
Os leões eu e você.
Ricardo Maciel
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Casa Real - Ricardo Maciel
para sentar à mesa com pompa.
Do cortês fidalgo leal
fui convidado de honra.
Gente tão nobre habitava
as terras distantes que andei,
no reino flores se espalhavam
para honra-las me curvei.
Fui tratado com brio
reverenciado como amigo,
admirado como filho,
amado como irmão.
A mais sincera atenção
recebi de toda gente.
Será que foi uma ilusão?
E todos aqui mentem.
Calei meu pensamento,
já chegava ao castelo
Para o meu encantamento
era belo, vivo e modesto.
Danças executadas com graça
enfeitavam o salão que entrei.
O nobre contente bradou ao povo:
Meu filho voltou para ser rei.
Ricardo Maciel
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Resenha - 7 pecados do capital (Leonardo Boff)
Com todos esses problemas expostos o autor nos mostra os “nós problemáticos” criados pelo capitalismo que precisam ser resolvidos: a exaustão dos recursos naturais, sustentabilidade da Terra e injustiça social.
Sustentabilidade e capitalismo se negam, nesse sistema de produção humana é impossível a conservação ecológica, o crescimento capitalista se mostra completamente desigual devido à acumulação de todas os bens pela minoria à custa de um grande prejuízo das maiorias, causando grave desnível social que também tem relação com o meio ambiente, já que o ser humano também faz parte deste sistema ambiental do planeta.
É preciso criar uma sociedade sustentável que possa se desenvolver beneficiando a toda a humanidade sem marginalizar ninguém e conciliando a conservação ecológica, deixando o planeta refazer suas perdas e se desenvolver plenamente.
Liberdade e capitalismo? - Camila Azevedo Souza
Pensemos no princípio primordial do sistema capitalista: a liberdade, que supostamente possibilita ao “indivíduo” o direito de ir e vir. Contudo, como ter tal liberdade de ir e vir se não considerarmos as condições materiais dos sujeitos sócio-históricos?
Os sujeitos não fazem o que querem porque são livres, mas sim fazem o que suas condições materiais lhes possibilitam. Sendo que tais condições não podem ser concebidas como algo dado naturalmente; as condições resultam de um contexto social, histórico e cultural.
A exploração da classe trabalhadora deve ser compreendida no contexto de dominação entre classe dominante (a burguesia) e classe dominada (os trabalhadores) em seu movimento histórico.
Há pessoas que vivem em condições precárias sem a mínima dignidade enquanto há aqueles que desfrutam de uma vida repleta de luxos. Seria isso uma questão de azar ou sorte? Um castigo ou presente da natureza? Falta de empenho ou capacidade de esforço?
Se enxergarmos a realidade a partir destas dicotomias estaremos substituindo a igualdade de direitos sociais pela igualdade de oportunidades, tendo como preceito o mérito do indivíduo e daí a possibilidade de ascensão social. É nesse contexto que a sociedade passa a acreditar e difundir um ideal de meritocracia.
A assimilação e a difusão de preceitos, hábitos e comportamentos só são viáveis através de uma educação do consenso. É a partir deste esforço que a classe dominante, com o interesse de subordinar as classes subalternas aos modos de pensar, agir e sentir capitalistas, passa a atuar diretamente na educação.
Atualmente, verifica-se a hegemonia burguesa no campo educacional através dos empresários. O empresariado exerce sua influência tanto no âmbito estatal – reafirmando seus interesses em diversas esferas das políticas públicas (dentre elas a educação) – assim como na sociedade civil – colocando em prática os projetos educativos voltados a formar um novo tipo de homem, isto é, um cidadão-trabalhador com perfil flexível que ao invés de reivindicar direitos, atua na sociedade fazendo mudanças pontuais. Mudanças pontuais que não alteram a realidade a longo prazo e que enfraquece a luta de classe.
Caros leitores e colegas, fiquemos atentos aos interesses da classe dominante, em especial os empresários, ao atuar no campo educacional: formar uma consciência passiva para atenuar os conflitos.
É a busca de uma conquista de corações e mentes!
Seremos seres humanos capazes de refletir criticamente? Ou apenas marionetes nas mãos dos dominantes?
Somos não só sujeitos pensantes, como também sujeitos capazes de mudar e transformar a realidade. Afinal, o que seria da história se não fosse o movimento e a contradição?
Camila Azevedo Souza
Breve História do Populismo - Ricardo Maciel
O fenômeno de política de massas que ficou conhecido no registro historiográfico e na terminologia das ciências políticas sob a alcunha de populismo está longe de ser um fenômeno simples e isolado, e segundo alguns pesquisadores, extinto. Suas raízes históricas se encontram ligadas a um momento e uma conjuntura política particular que traziam circunstancias jamais vivenciadas.
Desde já deixamos claro que, para além da conotação negativa que o termo assumiu com o passar das décadas, a política de massas talvez não represente algo execrável por natureza. Iremos tratá-la como uma resposta a questões desafiadoras que urgiam ser resolvidas sob a pena do colapso social haja vista a emergência das massas e a necessidade de integra-lá aos processos políticos e de produção num processo latente de urbanização e modernização da sociedade.
Os traços recorrentes à maioria da produção bibliográfica relacionam o populismo aos momentos de crise de uma ordem tradicional, onde há a necessidade de modernização da sociedade e não há grupo capaz de empreender tal tarefa. A ausência ou escassez de canais de agregação de interesses e de participação classista permitem então a ascensão de líderes carismáticos que utilizam as massas disponíveis para sustentá-lo conciliando os interesses envolvidos. Em qualquer de suas formas, o populismo necessita de alguns elementos básicos para se concretizar. Independente das particularidades das ocorrências, ele surge quando há uma massificação de amplas camadas da sociedade que desvincula os indivíduos de seus quadros sociais de origem e os reúne na massa, relacionados entre si por uma sociabilidade incompleta.
No Brasil da década de 30 a crise oligárquica abre espaço para a emergência dos grupos populares. Esses grupos, genericamente chamados de massas, são mostrados como se fossem homogêneos, turvando as divisões sociais e econômicas e criando a idéia de povo como unidade, como uma comunidade de interesses solidários. No populismo, a relação de classes muitas vezes se caracteriza como relações entre indivíduos, justificando o pouco interesse dos lideres populistas de oferecer às massas condições de se organizar.
Sérgio Bezerra avalia que em 1930 a expressividade política do povo brasileiro era pouco desenvolvida. Os índices de desigualdade eram altos e em decorrência disso largas parcelas da população buscava, apenas, garantias de vida mínimas. A já citada quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque gerou uma crise econômica e social sem precedentes e representou um marco da ruptura da ordem tradicional.
Nesse contexto Getúlio Dornelles Vargas, latifundiário, bacharel em Direito, oriundo de família de políticos gaúchos surge como liderança capaz de empreender um plano para a nação. Cria e projeta sobre o povo a imagem de pai dos pobres. Empreende uma legislação social que aparentemente protege os trabalhadores, promove a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), de 1943 e, também, para os deserdados, estende o assistencialismo da Legião Brasileira de Assistência (LBA), despertando nas massas o sentimento de gratidão e admiração.
No entanto, Vargas não deixa de privilegiar a burguesia urbana em ascensão. Com efeito, ele conseguiu, com razoável sucesso, romper as barreiras da estagnação e abrir caminho para a modernização da sociedade brasileira conciliando a burguesia industrial e o operariado urbano e ainda, alguns grupos oligárquicos rurais. Octavio Ianni atribui à política de massas papel fundamental no processo de industrialização. A intenção era incorporar as massas criando as condições para o acumulo e desenvolvimento capitalista.
Com a expansão da indústria e a intensificação do processo de urbanização, alimentado por crescente êxodo rural, verifica-se acelerado crescimento das classes populares e do operariado urbano. Assim, são as classes urbanas que se tornam ativas em suas reivindicações sociais e políticas. E é principalmente para elas que se volta, na sua dimensão social e política, a atenção do governo. Nas palavras de Weffort:
“Desde a crise de 1929, que desarticula o velho capitalismo agrário voltado para a exportação e desde a revolução de 1930 que rompe a hegemonia das oligarquias rurais – a cidade vem progressivamente oferecendo as condições econômicas e políticas para a proposição do conjunto dos problemas do país. Nestas circunstâncias, as populações urbanas representariam no conjunto do povo o contingente politicamente decisivo” (Weffort 1989).
Há um crescimento acelerado das classes médias, dos trabalhadores urbanos e das massas populares marginalizadas, com aspirações gerais e específicas – tudo num clima de crescente efervescência. A inexistência de uma classe hegemônica, ou de uma aliança de classes suficientemente estruturada, abre espaço e caminho para a implantação da ditadura estadonovista – um poder superior, forte e centralizado, como instrumento para conter os excessos, arbitrar inapelavelmente os conflitos de interesses e traçar as regras de convivência da sociedade e os rumos do país.
A critica de Octavio Ianni condensada na obra O Colapso do populismo no Brasil (1967) atribui à política de massas a criação das condições institucionais, políticas e culturais indispensáveis para a criação de uma população urbana e industrial durante um dos principais períodos da industrialização brasileira (1914 – 1964). Segundo o autor nesse período, sobretudo depois de 1945, as massas passaram a interferir em certa medida na política nacional (IANNI 1994)
O resultado foi o surgimento de novos modelos de desenvolvimento e organização econômica. Em 1954 a tensão entre o modelo nacionalista baseado na política de massas e aquele que preconizava a associação com a economia capitalista internacional foi tal que levou ao suicídio Vargas, representando a vitória do segundo modelo. A morte de Vargas na visão de Ianni representa o ápice do período histórico que contextualiza a democracia populista.
A política de massas foi a razão do getulismo e posteriormente seu próprio fim, uma vez que as forças favoráveis a associação com o capital estrangeiro elevaram as pressões sobre o governo culminado na morte do presidente da república. Contudo, a política de massas não foi totalmente extinguida. As bases populares continuaram a representar o sustentáculo dos governos que se seguiram, mas agora as exigências do capital foram sendo cada vez mais observadas. Diferentemente de 1930 quando o que estava em jogo eram os interesses entre grupos dominantes, o que vemos a partir de 1945 é a realização da revolução democrática onde o que importa e cortejar as massas (Weffort, 1989).
No seio desse conturbado momento Juscelino Kubistschek assumiu a presidência da republica brasileira balizado pela necessidade de observar as contradições que levaram a queda de Vargas. Assim foi forçado a promover uma abertura ao capital internacional. Contudo, não abdicou das bases populares e manteve em grande medida a política de massas. As forças favoráveis a internacionalização não puderam, ainda, suplantar a democracia populista definitivamente.
Urdida na Era Vargas, principalmente na fase estadonovista, as concepções varguistas ainda encaminhavam as questões políticas, econômicas e sociais do período que vai de sua deposição, em 1945, à de João Goulart, em 1964. Na avaliação de Ianni os governos seguintes de Jânio Quadros e posteriormente de seu vice João Goulart embora marcadamente populistas, não conseguiram restaurar o modelo getuliano em sua integridade. Tinham a sustentação política, mas faltava o apoio das camadas industriais, cada vez mais desaforáveis aquele tipo de política. As tentativas de reforma executadas por Jango levaram ao golpe de 64, esse sim suplantou o populismo clássico de uma vez por todas.
Para os intelectuais brasileiros, o fenômeno populista consistiu, uma etapa no processo de transformação da sociedade brasileira, marcado pelo incremento da urbanização e da industrialização. A industrialização substitutiva de importações, orientada pelo Estado, o nacionalismo e a oposição ao imperialismo e a oligarquia seriam alguns dos traços mais expressivos do fenômeno populista, que consistia numa coalizão policlassista, na qual os interesses da burguesia prevalecem.
Um elemento muito recorrente nessas análises clássicas é a percepção de um suposto caráter imaturo e inconsciente do proletariado urbano, sendo tal peculiaridade o principal fundamento para entender o apoio popular às lideranças populistas. Sem lideranças e instituições que efetivamente representassem os seus interesses, o operariado urbano estaria submetido a uma relação personalista, irracional, demagógica e emocional das lideranças populistas, visto que os sindicatos, seus órgãos de representação e organização, estavam atrelados ao e tutelados pelo Estado.
De forma resumida a política de massas foi uma forma de organização política das classes trabalhadoras, visando o seu controle mediante a força do estado para garantir a industrialização. Octavio Ianni sustenta que a política de massas além de ser um desdobramento dos acontecimentos políticos que conduziram gradualmente a uma ruptura entre a sociedade tradicional e a emergente sociedade urbano-industrial, bem como serviu a uma reformulação do sistema político e das relações externas. Devido a essa característica de funcionar como uma possibilidade de reformulação da sociedade e dos vínculos nacionais é que a política de massas reaparece entre os anos de 45 a 64.
Embora muito se diga quanto à sobrevivência da política de massas em formas neo-populistas, a política populista com características claramente demarcadas ficou para trás no decurso do tempo. Dizer que temos hoje governos populistas é com certeza um abuso em relação ao limites do termo e serve apenas para obscurecer o debate político, pois o termo fora de sua dimensão justa mais confunde do que esclarece. Condenar toda política social como populismo é uma extrapolação do conceito feita no sentido de denegrir adversários políticos, identificando-os com o que há de pior no populismo como a demagogia.
E desnecessário dizer que os interesses ligados às camadas detentoras dos meios de produção são sempre observados com mais atenção. Além disso, muitas vezes, a exemplo de Getulio Vargas, os governos populistas assumem a forma autoritária sem que haja, no processo decorrente, espaço político para que evolua a livre representação dos interesses de classe. Contudo, a condenação sumária não serve a uma reflexão que se propõe ampla e esclarecedora.
CAPELATO, M. H. R. 2001. Populismo latino-americano em discussão. In : FERREIRA, J. (org.). 2001. O populismo e sua história – debate e crítica. Rio de Janeiro : Civilização Brasileira.
FERREIRA, J. 2001. O nome e a coisa : o populismo na política brasileira. In : _____. O populismo e sua história – debate e crítica. Rio de Janeiro : Civilização Brasileira.
GOMES, Ângela de Castro. O populismo e as Ciências Sociais no Brasil: notas sobre a trajetória de um conceito. In: FERREIRA, Jorge (org.). O populismo e sua história: debate e crítica. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
IANNI, Octavio. A formação do Estado populista na América Latina. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991.
______. O colapso do populismo no Brasil. 5.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1994.
SOUZA, Maria do Carmo Campelo de. Estados e partidos políticos no Brasil (1930-1964). São Paulo: Alfa-ômega, 1976.
TRINDADE, Sérgio Luiz Bezerra. O populismo no Brasil. Revista da FARN, Natal, v.5, n. 1/2, p. 111-130, jan./dez. 2006
WEFFORT, F. 1989. O populismo na política brasileira. 4ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
Ricardo Maciel
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Resumos Literários - IRACEMA - José de Alencar
Obra na íntegra: http://www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/iracema.html
Análise Literaria: http://fredb.sites.uol.com.br/iracema.html
Sueños de Arena - Pablo Nuevo
" Si donde habita el ocaso viajas
un extenso camino verás
recórrelo hacia el sol poniente
cuando rota esté la esperanza
una villa normal y térrea allí estará
Si al crepúsculo firme caminas
dejando tu sombra atrás,
comienza el largo peregrinaje
del solitario trotamundo
que por el orbe ha de vagar.
Soñador errante que no ancló en ningún puerto
pues eterna es la muerte solar
nacimiento oscuro sin fin
perpetuo camino ,interminable navegar
hacia occidente y su musa
agarra el viento y vuela
al fin , porque vagando estás.
Si donde noches comienzan la vida viajas
no olvides viejo compañero
que tu fin no está sino en la mar.
II
Donde agoniza el día brota oscuridad
Romántico viajero caminas
donde el cuervo eleva su vuelo
y los campos eclipsa con sus alas
donde los sueños moran con libertad
sin temor a la dominación
vuelan libres hacia occidente
hacia el perpetuo devenir
donde el hombre a su diosa hallará
entre ilusiones , el anochecer.
Donde cómplice habita la mujer de
corazón esquivo y solitario liberar.
III
En perpetuo movimiento, sin lugar habitar
continua peregrino destino
hacia poniente pensativo te diriges
Hambre insaciable te ahoga por errar
en tierras de sombras y manchas,
bajo el anciano monte nace
el lugar donde la inspiración se hace hogar
en el interminable anochecer
sin descansar jamás.
Si donde habita el ocaso viajas,
no olvides joven poeta,
que la búsqueda de tu musa,
en melancólicos campos larga y difícil se hará.
IV
¿Dónde vas peregrino, abandonado a la tormenta?
No pienses en tu destino
si no por él siempre atormentado estarás.
No preguntes iluso al viento
si en algún lugar para ti existe la paz.
¿De qué lugar vienes entre sueños de proezas?
Con ilusiones viejas como el mismo tiempo
y lágrimas innatas por ti, solitario viajero, llorar.
Ilusiones, que en el anochecer cercanas se tornan
Sé valiente, sé soñador, no abandones el camino
Que tu cansado corazón no tema derramar
agónicos suspiros por esperanzas perdidas
Que rompen el claro llanto del silencio,
Pues entre brumas del mar la encontrarás;
musa de escultor, inspiración del poeta,
muchos nombres tiene, en ti la deidad será .
Si donde habita el ocaso viajas,
íntimo explorador que sientes
huellas de nuestra más olvidada leyenda
pero recuerda caminante, por la luna te has de guiar
y en el perenne espejo de su figura
tu interior amargamente preguntarte
¿por qué nuestro eterno vagar?.
V
Observador paciente que agazapado miras
la vida de los inmóviles hombres pasar,
rápida y efímera como mariposa que alza su vuelo
sin sentir en los abedules
la marca de su existencia exigua y fugaz.
Profundamente extrañado estarías
si no hubieses notado la monótona condición
que ruge en las tenues vidas como animal
que vive por vivir, sin nunca preguntarse
¿De donde viene?,¿a dónde va?
VI
Sentado en la lejana orilla
Contemplas ramas tejidas navegar
Perdiéndose rápido en el horizonte
Flotando en la oscura e inmutable corriente.
¿Qué es tu existencia, viajero, sino derivar?
dirigirse flotando en la ardua vida
hacía la terrible y desconocida eternidad
río es tiempo, que corre imparable
sin pensar ni obedecer caminos.
Y como tiempo fluye en la inmensidad.
Sintiendo el instante, dulce y amargo.
Dibujando el pasado con calidos recuerdos
Temiendo un futuro, temiendo desembocar.
VII
Si hacia el inalcanzable oeste caminas,
cierto que en cansados campos
solitarios robles fuertemente enraizados verás.
Señales del recuerdo de engaños pasados
que en tu camino , viajero, siempre
por sus sombras te deberás guiar.
No les temas por lo que fueron,
húndete en ellos, y de su savia
deseos perdidos conocerás.
A lo largo del camino,
adéntrate en su círculo interior,
y con sus derrotas se capaz
de comprender el gran valor
que con su experiencia dibujan
la leyenda escrita sobre su faz.
VIII
¿Qué buscas en tus quimeras?
¿Porque no las dejas volar?
Teme tus Sueños de arena
que forman figuras lejos
de tu mente, haciéndote dudar.
Ciego a la gran planicie de occidente
donde se pierde el eco de tu mirada
entre sombras hechas por pedernal.
Sordo al céfiro viento interior,
mientras razón persista , siempre soplará
clamando, preguntándose si
tus ilusiones nacen por huir del difícil camino
o por temor al incierto retornar.
IX
Humedece tus secas lágrimas
nacidas bajo el árbol de la soledad,
oculto te alejas de sus raíces
mas sus hojas siempre te persiguen
cual ciervo al que cazar.
Vuelve al arroyo, al largo río
que tu dura huida siempre será.
Vuelve al lugar donde tus lágrimas no son vacías,
ni tus gritos sordos están.
Vuelve a las borrosas visiones en las orillas,
a los sueños de arena que el implacable viento borrará
antes de que el sol orgulloso se ponga,
antes de un áspero lamento
te obligue a mirar atrás.
Sus ramas por la brisa oscilan
en aspas de tristeza, cayendo sus agrias nueces
en el parduzco suelo, cuna de nogal.
Adiós se desprende de su difuso baile
Aun en su ausente sonrisa se burla.
Ciego eres , viajero, si crees q en su sombra
nunca te volverás a cobijar
las vconoceras
son las unicas q tengo por aki
las de ace un par de años...
X
Viejo es el arroyo que en su caminar
humedece tierras bajo tus pies.
Viejo es el arroyo que te encierra
en las frías noches de soledad.
Vieja es la vida que fluye como el arroyo
sobre la que tú, peregrino, navegas
esquivando agudas ramas de nogal.
Vida gastas en tu viaje hacia poniente,
lágrimas en tu barca sobre el agua
hacía sueños que esculpen dunas de sal.
Suave fluir del arroyo de tu vida,
perpetuo, imparable y de incierto final.
Soñador errante, ¿temeroso miras al frente?
Errante soñador, ¿te aferras a tus recuerdos
evitando mirar atrás?
Cansado e indeciso hasta el último instante
en que la noche te envuelve
con sus alas de jazmín, su aroma fresco rosal.
Cercano al basto océano te hallas
trazando en tu rostro la amarga espera
de la respuesta a tu viaje, a tu eterno vagar.
Desapareces en la niebla, quitando máscaras a tus preguntas,
dibujando los sedosos lienzos donde aguarda tu musa,
mirando oculta la rueda del tiempo girar.
__
Solitario se ve ahora el largo y tortuoso arroyo
olvidado se escucha su manso fluir ,
pero pronto nuevo viajero se verá;
pues eterno es el movimiento de la corriente,
que nunca dejó de fluir
y para ti , viajero, nunca dejará.
Pablo Nuevo
domingo, 19 de setembro de 2010
O Regalo - Robson Rocha
O pensamento libertador - Robson Rocha
"Somente aquele que saboreou a liberdade pode desejar tornar tudo análogo a ela e estendê-la por todo o universo. Quem chega à filosofia por qualquer outra via nada mais fez do que imitar os atos de outro sem possuir o sentimento dos motivos que os inspiram." [1]
O que significa propriamente filosofar? O que o pensamento pretende ao dizer seu pensamento? Como o pensamento pode dizer e assim salvaguardar a partir das palavras, um discurso que se refere ao Sentido de Ser, ao sentido que ncada existência pode ter e suas mais próprias possibilidades?
As perguntas não se sucedem apenas, o pensamento precisa de paciência para se construir. Toda primeira questão precisa ser vasculhada num aprofundamento que vise “enchergar claro naquilo que é” [2], ou seja, pensar significa pensar tudo o que é em referência a sua proveniência, na busca de uma compreensão mais plena desta própria proveniência.
Mas o pensamento é no fundo uma conclamação. Esse é, dito de forma grega, seu Télos. O pensamento não termina na compreensão da proveniência por parte do filósofo, mas sim numa convocação. Pensando o pensamento visa convocar todos os mortais a essa própria proveniência. O pensamento é por isso uma pro-vocação que com-voca.
Mas para onde pro-voca o pensamento e para que pro-voca?
O pensamento con-voca para uma habitação mais própria. O pensamento pro-voca a todos os mortais a um aprofundamento, a uma retomada do sentido de cada existência em particular. O pensamento é, por isso, não apenas livre mas também libertador.
Mas essa não é uma bondade do pensador. Não estamos defendendo aqui nenhuma função divina ao pensamento, como algo separado do mundo em que vivemos. O pensamento não é contemplação, ele é ação. Ele é vivo e traz como mensagem um sinal que visa tocar cada existência em particular para sua tarefa humana. Porque, apenas em um mundo em que todos estão empenhados pelo jogo próprio da existência – que é em sua essência político – podemos ter a garantia de que aquilo que realmente liberta os homens, aquilo que fala a partir da essência da habitação humana se preservará na história como um caminho aberto a cada existência que se dispõe a questionar o sentido de sua própria existência. Porque a ação do pensamento carece de tempo para acontecer como uma provocação de fato, ele depende de uma salvaguarda, que está além de sua existência e por isso carece de ser salvaguardada pelos mortais para um acontecimento de fato no porvir. Por isso, o pensamento é o ato por excelência, uma vez que ele é também o ato político mais radical. Trata-se de uma ação que precisa ultrapassar a própria existência de onde brota para que possa tornar-se um pensamento, uma provocação, um caminho de libertação. Por isso, ela carece da confiança do mundo, que é sustentado não só por um homem, mas é compartilhado por todos.
Por isso, poderíamos dizer que o pensamento não questiona apenas. Questionando ele pretende provocar um questionamento e com isso libertar os homens. O que ele mostra, a partir de sua própria experiência é o caminho a partir do qual a existência pode levar à história toda a liberdade do Ser
Por muito tempo permaneceu impensada a relação entre o sábio e o político, proposta por Platão no “Sofista/Político”, publicado há mais de 2.000 anos atrás. Talvez essa seja uma vereda possível para uma compreensão mais aprofundada desta relação, que agora nos brilha em toda a sua claridade como uma relação de fato decisiva para cada homem em particular e para todos em comum. Como essa é uma possibilidade de todo homem, isso apenas pode nos encher de esperança. Todos nós estamos destinados ao mesmo destino: a Morte. Por isso, o máximo que podemos fazer é cumprimos nossa tarefa de libertar os homens para um mundo que pode sim, ele mesmo, um dia tornar-se uma obra divina de mortais. Algo que poderia até receber o nome de Democracia, desde que ela seja o lugar onde a excelência humana poderá acontecer e se preservar acontecendo em toda a sua plenitude.
Robson Rocha