O CAPITALISMO DESTRÓI A TERRA
Wadson Xavier de Souza
BOFF, L. O ecocídio e o biocídio. In: SADER, E. (Org.). 7 pecados do capital. São Paulo:
Record, 1999. p. 33-55.
Leonardo Boff nasceu em Concórdia, Santa Catarina, em 1938. Fez seu doutorado em teologia e filosofia na Universidade de Munique, na Alemanha (1965-1970). Durante mais de 20 anos foi professor de teologia sistemática e ecumênica em Petrópolis. Junto com outros ajudou a formular a Teologia da Libertação.
O ensaio de Boff apresenta os problemas que o capitalismo tem causado no meio ambiente, mostrando a incompatibilidade existem entre os dois, deixando claro que ecologia e capitalismo se negam frontalmente.
Na primeira parte do texto o autor descreve a cultura capitalista que exalta o valor do individuo, uma cultura que garante riqueza a poucos em conseqüência da exploração do trabalho de muitos, ele mostra claramente a concorrência de todos contra todos, grandes lucros com menor investimento possível; precisamos todos nos decidir entre uma mudança da cultura capitalista ou a nossa própria autodestruição.
Com todos esses problemas expostos o autor nos mostra os “nós problemáticos” criados pelo capitalismo que precisam ser resolvidos: a exaustão dos recursos naturais, sustentabilidade da Terra e injustiça social.
Observamos primeiro o problema da exaustão dos recursos naturais que há séculos vem sendo depredados; problemas como a desertificação, perda de terras cultiváveis, derrubadas, reservatórios naturais de água se esgotando, petróleo e carvão se exaurindo e minerais quase em extinção. A Terra tem sido vista pela cultura capitalista como algo inerte, morto, que precisa ser explorada até seu último recurso, causando um grande problema que a maioria das pessoas não tem consciência - de que os recursos naturais são esgotáveis. Poderemos chegar a um ponto em que o planeta não conseguirá se regenerar, precisamos ver a Terra como algo vivo e que necessita de uma harmonia no seu sistema para que possa funcionar perfeitamente ao longo das gerações, mas com o capitalismo e a seu método de acumular tudo a qualquer preço e transformar qualquer coisa em mercadoria, estaremos levando a Terra a um colapso, referente tanto à ecologia quanto a sociedade.
Também nos é apresentado o nó da sustentabilidade da Terra que são as conseqüências que a ela vem sofrendo pela sua sistemática depredação, como chuvas ácidas, dejetos químicos, pesticidas, lixo nuclear, queimadas, destruição da camada de ozônio e efeito estufa que podem causar enormes catástrofes ao planeta; substâncias radioativas que permanecerão no ar por longo tempo e que não se conhece tecnologia para combater e proteger contra seus malefícios, além do risco que nós corremos com o uso de armas nucleares que desencadeariam efeitos catastróficos no planeta e nos seres vivos.
Por ultimo é exposto o problema da injustiça e violência no planeta que abriga um bilhão de pessoas na miséria, milhões de crianças morrendo antes de chegar a. fase adulta, resultado de uma forma de organização que privilegia poucos com a exploração da maioria, mostrando que, nós, seres humanos estamos começando a ser ecocidas e no futuro se não houver mudanças seremos geocidas.
Sustentabilidade e capitalismo se negam, nesse sistema de produção humana é impossível a conservação ecológica, o crescimento capitalista se mostra completamente desigual devido à acumulação de todas os bens pela minoria à custa de um grande prejuízo das maiorias, causando grave desnível social que também tem relação com o meio ambiente, já que o ser humano também faz parte deste sistema ambiental do planeta.
É preciso criar uma sociedade sustentável que possa se desenvolver beneficiando a toda a humanidade sem marginalizar ninguém e conciliando a conservação ecológica, deixando o planeta refazer suas perdas e se desenvolver plenamente.
Depois de apresentados todos esses problemas, Boff mostra na segunda parte do texto o surgimento desde o começo do século XX, em todos os campos do conhecimento cientifico, de um novo paradigma - contrário ao capitalista (individualista, explorador) - que vê o universo não como coisa, mas como sujeito no qual tudo tem a ver com tudo, gerando uma solidariedade cósmica onde cada ser depende do outro; está visão fornece a base de uma nova esperança, um modelo no qual o ser humano terá o sentimento de solidariedade universal, compartilhando os bens e não mais procurando lucros que visam à apropriação de riquezas individuais, chegando à conclusão de que precisamos mudar os moldes de nossa sociedade pra continuarmos vivos.
Na terceira parte nos são apresentadas algumas perguntas a respeito do que se pode fazer para mudar o futuro da civilização em relação a ordem capitalista vigente, são elas: que utopias abrirão nossos olhos para o futuro? Quais valores novos dariam sentidos a nossa vida pessoal e social? Quais as novas praticas que mudarão as relações sociais entre indivíduos? Que cuidados desenvolveremos para com o meio ambiente e para com os seres vivos? Quais as tecnologias que usaremos que não trarão riscos ao planeta e ao seres vivos? Resumindo-se na questão de que sonhos nós orientam para um futuro melhor.
Segundo o autor os sujeitos geradores dessa nova mentalidade estão espalhados por todo o globo, nós os encontramos em todas culturas e em todas camadas sociais, são principalmente os que sentem insatisfeitos com o modo de viver atual, os que não ganham com esse sistema e ensaiam um comportamento alternativo com idéias criadoras de uma nova civilização.
Boff conclui que em diversos tempos a vida sempre triunfou diante as diversidades que lhe são apresentadas e que neste caso poderá surgir uma nova civilização sintonizada no universo, da re-ligação de tudo e de todos, podendo posteriormente a essa, surgir à civilização da utopia planetária onde todos teríamos uma consciência coletiva rumando para a sociedade-mundo, uma república global; neste novo modelo tão sonhado e possível, ninguém perderia, porque tudo seria estruturado ao redor da vida, em cooperação, todos teremos uma meta comum que será a de garantir o futuro do sistema-Terra e as condições para o ser humano viver e se desenvolver, a humanidade chegará a uma etapa que o passado capitalista será visto como um momento sombrio que foi combatido e deixou o mundo livre de seus terríveis problemas e pronto para evoluir.
Analisemos o texto como uma visão do autor sobre o futuro da sociedade e do planeta baseado em seus conhecimentos e pela própria lógica humana, temos que concordar como o autor que com o modelo capitalista de hoje, iremos fatalmente destruir todo o sistema-Terra, sem duvida é preciso que haja uma mudança, em curto prazo seria mais aceitável que o modelo capitalista se adapte a nova realidade e se conscientize com todos esses problemas, como já podemos ver pequenas mudanças no campo do planejamento ecológico e sustentabilidade da Terra, ao poucos começamos a nós preocupar como o nosso futuro, e talvez, num futuro muito distante, os seres humanos evoluam e neguem indelevelmente em suas consciências os moldes da sociedade capitalista de nosso tempo.
o grande problema do sistema de produção capitalista e o fato de se basear unicamente em relações de produção e consumo. Para que ele se desenvolva prescisa, portanto, transformar tudo em mercadoria e produzir cada vez mais. Assim as relações ficam cada vez mais deterioradas e o planeta cada vez mais degradado. Mas devemos ser as pessoas que Leonardo Boff identificou como "sintonizadas com o universo"
ResponderExcluir