“Saudações a todos. Nasce o Estandarte do Povo - movimento político e cultural - que tem o intuito de fazer reverberar a voz de qualquer um que se proponha a propagar conhecimentos livres e libertadores. A intenção é trazer a todos, importantes contribuições que têm se perdido no tempo. Venha conosco, leia e contribua para que o Estandarte possa de fato alcançar sua meta. Deixe o Estandarte do Povo passar!”

Ricardo Maciel, Robson Rocha e Wadson Xavier.

Contribuições pelo E-mail: estandartedopovo@hotmail.com

Deixa o estandarte do povo passar
eu quero ver esta gente cantar
cantando a plenos pulmões
a alegria dos corações
que ainda precisam
do samba pra chorar

Canta, minha gente canta
Deixa o estandarte passar
que o carnaval da gente
ele veio inaugurar

Eu vou cantar com empolgação
na avenida encontrei a redenção
Vou seguir os passos do poeta,
agora é a vez da nossa festa!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

O Estandarte do Povo nas Ruas

Foto da atividade do Comitê Dilma.
Calçadão da Rua Halfeld, 23 de outubro de 2010.
Contribuição de Raquel Fracette

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Estandarte sobre a entrevista da a economista portuguesa Maria da Conceição Tavares

“Lula é um gênio do povo”

Estandarte do Povo disse: O seu comentário está aguardando moderação.
Belíssima entrevista dessa mulher que se mostrou coerente e esclarecedora, é de pessoas assim que precisamos para conscientizar o povo brasileiro do engodo chamado PSDB-DEM e da mídia que lhes serve. Ama o Brasil não por ter aqui nascido, mas por ver neste país um futuro brilhante, uma nação em construção que aos poucos se liberta das amarras coloniais e não mais se submete as “metrópoles” do capitalismo neoliberal. Parabéns!

domingo, 24 de outubro de 2010

O Globo reconhece PIG

Reportagem divulgada no Jornal "O Globo" mostra (enfim) coerência e reconhece a existência do PIG, da qual o próprio jornal faz parte, confiram:

 

Revista pode ser o último obstáculo para vitória de Dilma

Plantão | Publicada em 22/10/2010 às 21h07m
Reuters/Brasil Online

Por Stuart Grudgings 

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Já se tornou um ritual nas manhãs de sábado durante a atual corrida presidencial -funcionários dos partidos e jornalistas correm às bancas para verem se, desta vez, a edição da revista Veja derruba a candidata Dilma Rousseff (PT).
Com sua capacidade para fazer ataques, a revista mais lida do Brasil -que já divulgou dois escândalos de corrupção que afetaram Dilma- parece ser o último grande trunfo da oposição, numa disputa em que a candidata governista chega à penúltima semana ampliando sua vantagem na dianteira das pesquisas.
Alguns analistas políticos descrevem a corrida em termos de quantas capas da Veja faltam para a eleição: duas.
A incansável campanha da publicação contra Dilma é um sinal daquilo que alguns dizem ser uma profunda tendência da mídia brasileira contra o PT e o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, primeiro presidente brasileiro egresso da classe operária.
O esquerdista Lula tem a aprovação de 80 por cento dos brasileiros e é muito elogiado no exterior pela trajetória que fez o ex-operário virar um presidente que tirou milhões de pessoas da miséria. Mas isso não impede que sua relação com a imprensa brasileira esteja desgastada.
"Há uma revista cujo nome eu não lembro. Ela destila ódio e mentiras," disse Lula em setembro num comício, em um dos seus muitos ataques à imprensa durante esta campanha, em que ele acusa alguns veículos de comunicação de agirem como partidos políticos.
Membros do PT admitem que a irritação de Lula com a imprensa pode ser contraproducente, e que talvez tenha até custado votos a Dilma no primeiro turno. Mas as pesquisas ainda a apontam como favorita no segundo turno, no dia 31, depois da aparente perda de fôlego na recuperação da candidatura de José Serra (PSDB).
Embora a Veja tenha uma orientação clara, suas reportagens têm se provado corretas, e resultaram na demissão de Erenice Guerra, ex-braço-direito de Dilma, do Ministério da Casa Civil após denúncia de envolvimento num suposto esquema de corrupção.
Os grandes grupos da imprensa dizem que as críticas de Lula têm ido longe demais e citam seu direito constitucional à liberdade de imprensa. A antiga desconfiança da grande imprensa de que o PT gostaria de restringir a liberdade de imprensa foi alimentada, no começo da campanha, quando um documento do partido -depois retirado às pressas- sugeria propostas por um maior controle sobre a mídia.
"Acho que essa tensão entre mídia e poder é normal -basta ver o presidente (dos EUA, Barack) Obama e a Fox News," disse Ricardo Pedreira, presidente da Associação Nacional de Jornais. 

HISTÓRICO DE DESEQUILÍBRIO 

Ainda assim, alguns creem haver provas concretas para justificar a irritação de Lula, e consideram que a postura negativa da imprensa pode ser um problema também para Dilma, caso eleita.
"É inquestionável," disse James Green, professor de assuntos latino-americanos na Universidade Brown, dos EUA, que vem acompanhando a campanha. "Sempre que um evento ocorrer ele será distorcido de um modo claramente destinado a favorecer a candidatura Serra e a diminuir a candidatura Dilma."
Segundo ele, o paralelo entre Obama e o canal Fox News não se sustenta, porque no Brasil, ao contrário do que ocorre nos EUA, não há grandes jornais ou redes de televisão com posições de esquerda, que poderiam equilibrar a cobertura.
Lula, com sua origem humide do Nordeste, é sistematicamente retratado como "ignorante, analfabeto, rude e preguiçoso," disse Bernardo Kucinski, professor de Jornalismo e ex-assessor de comunicação do governo Lula no primeiro mandato.
"Ultimamente, os jornalistas reconheceram sua habilidade política e abandonaram os termos mais insultantes, mas continuam a retratá-lo como um homem não-educado e, portanto, despreparado para a Presidência."
Kucinski disse que Dilma, por ser oriunda da classe média, será poupada de tais ataques pessoais, mas não de uma cobertura ideologicamente tendenciosa. "A meta da elite é impedir outros oito anos 'deste tipo de governo,'" afirmou.
Lula se queixa de que "nove ou dez famílias" controlam a mídia brasileira.
Num dos casos mais famosos de comportamento ideológico da mídia, a TV Globo, em 1989, editou o debate de Lula contra seu então adversário Fernando Collor de modo a ressaltar os maus momentos do petista, que acabou derrotado naquela eleição presidencial, a primeira após a redemocratização do país.
Hoje em dia, a Globo faz uma cobertura mais neutra, mas muitos acharam que os apresentadores do Jornal Nacional a trataram de forma mais agressiva do que aos demais candidatos numa série de entrevistas feita em agosto, o que também provocou uma reação de Lula. O jornal O Globo, pertencente ao mesmo grupo, também tem um claro viés anti-Dilma.

Fonte: http://oglobo.globo.com/pais/mat/2010/10/22/revista-pode-ser-ultimo-obstaculo-para-vitoria-de-dilma-922850755.asp

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Quem é José Serra

http://professortarcisioeder.blogspot.com/2010/10/quem-e-jose-serra-do-psdb.html

José Serra tem 68 anos é paulista, filho único de imigrantes italianos, o pai, empresário no ramo de frutas. José Serra foi criado em uma ampla e confortável casa na Mooca, São Paulo.


Aos 18 anos, Serra ingressou no curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, o qual nunca concluiu. Com o golpe militar de 1964, ele exilou-se na Bolívia, no Uruguai e, em seguida, no Chile, onde fez o “Curso de economia” da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), de 1965 a 1966, especializando-se em planejamento industrial. Apenas 2 (dois) anos de curso! Quer dizer, não é um curso superior formal. Depois disso, fez mestrado em Economia pela Universidade do Chile (1968), da qual foi professor entre 1968 e 1973. Em 1974, fez Mestrado e Doutorado em Ciências Econômicas na Universidade Cornell, nos Estados Unidos, sem nunca ter concluído uma faculdade. Como foi possível isso? No Chile e nos EUA não é exigido curso superior para fazer pós-graduação, o que não é permitido aqui no Brasil. Além disso, os cursos de pós-graduação que Serra cursou na Cornell (com que dinheiro não sei, porque são caríssimos) não são “strictu senso“ mas “lato senso“ como os fornecidos pela rede privada aqui no Brasil. Em suma: não valem nada em termos acadêmicos. Serra permaneceu 13 anos longe do Brasil. Autoexilando-se (ou melhor, fugindo) no Chile, junto com FHC ao invés de lutar pelo povo contra a ditadura. Na volta ao Brasil, logo locupletou-se com as elites brasileiras.


Em 1983, Serra iniciou, efetivamente, a sua carreira como gestor, assumindo a Secretária de Economia e Planejamento do Estado de São Paulo, quando fez um péssimo trabalho. Braço direito do governador Montoro, não conseguiu sequer arrumou as finanças do Estado, sucateando ainda mais a Educação e a Saúde.

Em 1986, Serra foi eleito deputado constituinte, e teve um dos piores desempenhos, como pode-se conferir abaixo:
a) votou contra a redução da jornada de trabalho para 40 horas;
b) votou contra garantias ao trabalhador de estabilidade no emprego;
c) votou contra a implantação de Comissão de Fábrica nas indústrias;
d) votou contra o monopólio nacional da distribuição do petróleo;
e) negou seu voto pelo direito de greve;
f) negou seu voto pelo abono de férias de 1/3 do salário;
g) negou seu voto pelo aviso prévio proporcional;
h) negou seu voto pela estabilidade do dirigente sindical;
i) negou seu voto para garantir 30 dias de aviso prévio;
j) negou seu voto pela garantia do salário mínimo real;
Fonte: DIAP — “Quem foi quem na Constituinte”;pág. 621.

Serra foi um dos fundadores do PSDB, em 1988. Foi derrotado por Luiz Erundina, (á época do PT), nas eleições para prefeito de São Paulo. Em 1990, foi reeleito deputado federal quando teve novamente péssimo mandato.

Em 1994, Serra foi um dos grandes apoiadores do Plano de Privatização de Fernando Henrique Cardoso, deixando um rastro de enormes prejuízos para o povo brasileiro:
· 166 empresas privatizadas entre 1990 e 1999;
· 546 mil postos de trabalho extintos diretamente;
· 17,1% dos 3,2 milhões de empregos formais perdidos na década.
(Fontes: Pochmann, Márcio. A década dos mitos. São Paulo, Editora Contexto, 2001. Biondi, Aloysio. O Brasil privatizado. São Paulo, Editora Perseu Abramo, 2001)

Depois foi eleito senador por São Paulo, em seguida, assumiu o Ministério do Planejamento, onde por pura incompetência deixou o país à mercê de um racionamento durante o famoso “apagão” no governo FHC que durou Oito meses.

Em 1998, José Serra assumiu o Ministério da Saúde. Junto com FHC, zerou o investimento na área de saneamento, o que causou a propagação de várias doenças no país. Além disso, José Serra demitiu seis mil mata-mosquitos contratados para eliminar os focos do Aedes Aegypti. Dos R$ 81 milhões gastos em publicidade do seu ministério em 2001, apenas R$ 3 milhões foram utilizados em campanhas educativas de combate à doença. O resultado desta política criminosa se fez sentir no Rio de Janeiro que, entre janeiro e maio de 2002, registrou 207.521 casos da dengue e a morte de 63 pessoas.

A frente do ministério da saúde, Serra regulamentou o aborto nos Hospitais do SUS, assunto que usa hoje para caluniar sua adversária a presidência.

Em 2002, Serra candidatou-se à Presidência, sendo derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno.

Em 2004, Serra elegeu-se Prefeito de São Paulo e prejudicou sua já arranhada imagem ao mentir para o povo de São Paulo quando no debate da Band, diante de Boris Casoy, afirmou que em caso de não cumprir a promessa, que seus eleitores nunca mais votassem nele. Disse ainda que “embora alguns candidatos adversários gostem de dizer que eu sairei candidato à presidência da República ou ao governo do estado, eu assumo esse compromisso, meu propósito, minha determinação é governar
São Paulo por quatro anos”. Deu sua palavra em rede nacional e depois voltou atrás, mentindo para o povo.

Em 2006, Serra elegeu-se Governador de São Paulo (confirmando que mentira mesmo ao povo), cargo que exerceu até o último dia 31 de março de 2010. O governo foi marcado pela tragédia no Metrô e o escândalo no Caso Alstom.

É o candidato natural da oposição à Presidência da República. Oposição esta composta pelo PSDB (partido à qual pertence o chefe do mensalão mineiro, Eduardo Azeredo e Yeda Crusius, governadora do RS, envolvida em um escândalo no Detran daquele estado). Ainda possui aliança com o DEM (partido do mensalão do DF no qual o ex-governador e principal operador do esquema, José Roberto Arruda, iria ser o candiato à vice de José Serra).

Definitivamente, neste não dá pra confiar.


Estandarte sobre A DISPARADA DE DILMA NO SEGUNDO TURNO (Pesquisa do Instituto de Pesquisa Datafolha)

http://professortarcisioeder.blogspot.com/2010/10/mais-uma-pesquisa-constata-vitoria-de.html?showComment=1287639868945#c8418858435327831601

Será que o Serra vai dizer agora que o instuto não é confiável???? Como, se o PIG, ao qual pertence a REDE GLOBO e, portanto, também este instituto de pesquisa - Datafolha, é seu aliado???

Hahahaha....

O povo não permitirá que este Senhor tome o poder e usurpe mais uma vez nossos direitos, como quando era ministro de planejamento de FHC.E por mais que a imprensa tente mudar os rumos que o povo deseja ou camuflar os fatos indeléveis da superioridade do programa do PT frente ao programa do PSDB - se é que existe programa, já que o PSDB nada mais é do que o guarda-chuva de empresários sem qualquer noção de civismo. Mas agora não é tão simples assim. Talvez estejamos vendo o início do fim desta via que ainda nos assombra, representada pelo PSDB, pelo DEM e pelo PIG (Partido da Imprensa Golpista), partidos estes que, após estas eleições, após serem derrotados nas urnas, perderão mais um pouco de sua força que hoje apenas contribui com o travamento de nossa democracia e o consequente estagnamento de nosso país.

POR ISSO VOTEMOS DILMA - 13!!! A melhor opção para o país!

ESTANDARTE DO POVO

Estandarte sobre a SUPERIORIDADE DE DILMA EM RELAÇÃO A SERRA

(Comentário ao vídeo de Marilena Chauí)

Como é possível ter dúvidas sobre o melhor caminho quando ele nos é apresentado assim, de forma tão clara? Será que é mesmo possível achar que uma possível eleição de Serra seria um melhor caminho? Me parece mesmo que não e Marilena Chauí desdobra todas as vantagens de Dilma com argumentos sólidos e exemplos factuais! Não se esqueçam do PIG (Partido da Imprensa Golpista - GLOBO/FOLHA/ESTADÃO/VEJA) que além de tentar tirar o foco da política, porque sabem que não podem dizer ao povo QUE DEFENDEM E REPRESENTAM APENAS A PEQUENA CLASSE DOS EMPRESÁRIOS, e por isso tentam desviar a discussão política para temas RELIGIOSOS, o que é um absurdo da maior espécie possível! Além disso, olhem as parciais das pesquisas: o DEM, partido mais conservador deste país ajudou Serra a vencer nos estados ruralistas. O POVO DESTES ESTADOS PRECISAM IMPEDIR QUE ISTO ACONTEÇA! A elite do DEM ainda está incrustada em alguns lugares do país e no PODER, o que é ainda mais desesperador!!! O DEM representa os latifundiários deste país, que nunca tiveram compromisso nenhum com o povo e sempre apoiaram os movimentos mais conservadores desta sociedade!!! Não se esqueçam que o VICE DO SERRA É DO DEM!!!!!!!!
Vejam os vídeos, eles são muitos claros e não carecem de nenhum comentário amplo. Apenas gostaria de dizer que quem vota no Serra, ou ainda não conhecia a sua inferioridade - o que vem sido camuflado pelo PIG (GLOBO/FOLHA/ESTADÃO/VEJA), ou ESTÁ AGINDO DE MÁ FÉ E DEFENDENDO APENAS SEUS PRÓPRIOS INTERESSES EM DETRIMENTO DE TODO O RESTO DA POPULAÇÃO E NÃO POSSUEM QUALQUER COMPROMISSO COM A DEMOCRACIA NESTE PAÍS!!!!

Marilena Chaui 4: por que precisamos eleger Dilma presidente

Marilena Chaui 3: Serra é uma ameaça para o meio ambiente

Marilena Chaui 2: Serra ameaça liberdade de expressão e de imprensa

Marilena Chaui 1: Serra é ameaça à democracia e aos direitos sociais

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Eca! - Yuri Westermann

A pele era ruim

ruim mesmo


Ainda hoje me lembro da cara

me olhando

e aquela pele sebosa de espinha cravo e fungo


Ela se agachava, devotamente,

me engolia o escroto com a boca quente

enquanto eu espremia as brotoejas mais gordurosas e pululantes


Por fim,

era uma enorme mistura de porra e pus e um liquidozinho sem cor e sem nome


Nojento era

mas era bom.

Urbano - Yuri Westermann

Desfaço o compasso dos passos sincopados, puro acinte.

Pra que tantas pernas bamboleiam sobre paralelepípedos quentes?


No inverno, a cidade se esconde maculada com manchas de verão

adquiridas ao longo da longa e libidinosa estação da febre

causada por mosquitos calor e desejo.


A imundície se prolifera sobre o asfalto

entre becos, galerias e vielas fumacentas, cinzentas,

decadentes, povoadas pelo lixo social

que não desceu o ralo do esgoto.


Como o caso da família que mora em cima do papelão

bem em frente ao banco central.

Pai, mulher grávida, três meninas dois meninos

gato, cachorro trempe e coragem.


Ontem fui lá e saquei quinhentos reais, era o limite.

Pensei em dar uns vintinho pra família comer alguma coisa

mas mamãe disse que a desgraça dos outros não é culpa nossa.

Parece que o tal deus quis assim.


Além do mais, maninha sempre diz que dar esmola auxilia a vadiagem.

Não vivemos na idade média, todos tem oportunidades iguais

diz ela, como grande conhecedora da idade média.

Música no Céu - Yuri Westermann

Os anjos

pra lá de cansados da monótona e enfadonha

voz do senhor, única música no céu, decidiram

por unanimidade

contratar Paulo Moura.

O senhor, com inveja, voltou a estudar canto

ópera e tudo mais.

Agora é assim,

toda noite no céu é regada a vinho

e Paulo Moura faz chorar a clarineta

enquanto o senhor se debulha em lágrimas

tentando manter o tom.

Operário em construção - Vinicius de Morais

Sugerido por Thaís Xavier.

Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim foi entregue
E dou-o a quem bem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda, se abandonares
o que te faz dizer não.
E o operário disse: Não!
Loucura! – gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?
Mentira! Disse o operário
Não pode dar-me o que é meu.


terça-feira, 19 de outubro de 2010

Oscar Niemeyer, Chico Buarque e Leonardo Boff com DILMA 13

“Monica Serra já fez um aborto"

FONTE: professortarcisioeder.blogspot.com




“Monica Serra já fez um aborto" afirma ex-aluna da mulher de presidenciável
Sylvia Monica Serra foi professora de dança na Unicamp

O desempenho do presidenciável tucano, José Serra, no debate do último domingo pela TV Bandeirantes, foi a gota d’água para uma eleitora brasileira. O silêncio do candidato diante da reclamação formulada pela adversária, Dilma Rousseff (PT) – de que fora acusada pela mulher dele, a ex-bailarina e psicoterapeuta Sylvia Monica Allende Serra, de “matar criancinhas” –, causou indignação em Sheila Canevacci Ribeiro, a ponto de levá-la até sua página em uma rede social, onde escreveu um desabafo que tende a abalar o argumento do postulante ao Palácio do Planalto acerca do tema que divide o país, no segundo turno das eleições. A coreógrafa Sheila Ribeiro relata, em um depoimento emocionado, que a ex-professora do Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Monica Serra relatou às alunas da turma de 1992, em sala de aula, que foi levada a fazer um aborto “no quarto mês de gravidez”.

Em entrevista exclusiva ao Correio do Brasil, na noite desta segunda-feira, Sheila deixa claro que não era partidária de Dilma ou de Serra no primeiro turno: “Votei no Plínio (de Arruda Sampaio)”, declara. Da mesma forma, esclarece ser apenas uma eleitora, com cidadania brasileira e canadense, que repudiou o ambiente de hipocrisia conduzido pelo candidato da aliança de direita, ao criminalizar um procedimento cirúrgico a que milhões de brasileiras são levadas a realizar em algum momento da vida. Sheila, durante a entrevista, lembra que no Canadá este é um serviço prestado em clínicas e hospitais do Estado, como forma de evitar a morte das mulheres que precisam recorrer à medida “drástica e contundente”, como fez questão de frisar.

No texto, intitulado “Respeitemos a dor de Mônica Serra”, Sheila Ribeiro repete a pergunta de Dilma, que ficou sem resposta:
– Se uma mulher chega em um hospital doente, por ter feito um aborto clandestino, o Estado vai cuidar de sua saúde ou vai mandar prendê-la?


Leia o texto, na íntegra:
“Respeitemos a dor de Mônica Serra

“Meu nome é Sheila Ribeiro e trabalho como artista no Brasil. Sou bailarina e ex-estudante da Unicamp onde fui aluna de Mônica Serra.
“Aqui venho deixar a minha indignação no posicionamento escorregadio de José Serra, que no debate de ontem (domingo), fazia perguntas com o intuito de fazer sua campanha na réplica, não dialogando em nenhum momento com a candidata Dilma Roussef.
“Achei impressionante que o candidato Serra evita tocar no assunto da descriminalização do aborto, evitando assim falar de saúde pública e de respeitar tantas mulheres, começando pela sua própria mulher. Sim, Mônica Serra já fez um aborto e sou solidária à sua dor.

“Com todo respeito que devo a essa minha professora, gostaria de revelar publicamente que muitas de nossas aulas foram regadas a discussões sobre o aborto, sobre o seu aborto traumático. Mônica Serra fez um aborto. Na época da ditadura, grávida de quatro meses, Mônica Serra decidiu abortar, pois que seu marido estava exilado e todos vivíamos uma situação instável. Aqui está a prova de que o aborto é uma situação terrível, triste, para a mulher e para o casal, e por isso não deve ser crime, pois tantas são as situações complexas que levam uma mulher a passar por essa situação difícil. Ninguém gosta de fazer um aborto, assim como o casal Serra imagino não ter gostado. A educação sobre a contracepção deve ser máxima para que evitemos essa dor para a mulher e para o Estado.

“Assim, repito a pergunta corajosa de minha presidente, Dilma Roussef, que enfrenta a saúde pública cara a cara com ela: se uma mulher chega em um hospital doente, por ter feito um aborto clandestino, o Estado vai cuidar de sua saúde ou vai mandar prendê-la?

“Nesse sentido, devemos prender Mônica Serra caso seu marido seja eleito presidente?

“Pelo Brasil solidário e transparente que quero, sem ameaças, sem desmerecimento da fala do outro, com diálogo e pelo respeito à dor calada de Mônica Serra,

“VOTO DILMA”, registra, em letras maiúsculas, no texto publicado em sua página no Facebook, nesta segunda-feira, às 10h24.
Reflexão
Diante da imediata repercussão de suas palavras, Sheila acrescentou em sua página um comentário no qual afirma ser favorável “à privacidade das pessoas”.

“Inclusive da minha. Quando uma pessoa é um personagem público, ela representa muitas coisas. Escrevi uma reflexão, depois de assistir a um debate televisivo onde a figura simbólica de Mõnica Serra surgiu. Ali uma incongruência: a pessoa que lutou na ditadura e que foi vítima de repressão como mulher (com evento trágico naquele caso, pois que nem sempre o aborto é trágico quando é legalizado e normalizado) versus a mulher que luta contra a descriminalização do aborto com as frases clássicas do “estão matando as criancinhas”. Quem a Mônica Serra estaria escolhendo ser enquanto pessoa simbólica? Se é que tem escolha – foi minha pergunta.

“Muitas pessoas públicas servem-se de suas histórias como bandeiras pelos direitos humanos ou, ainda, ficam quietas quando não querem usá-las. Por isso escrevi ‘respeitemos a dor’. Para mim é: respeitemos que muita gente já lutou pra que o voto existisse e que para que cada um pudesse votar, inclusive nulo; muita monica-serra-pessoa já sofreu no Brasil e em outros países na repressão para que outras mulheres pudessem escolher o que fazer com seus corpos e muitas monicas-serras simbólicas já impediram que o aborto fosse descriminalizado.

“Muitas pessoas já foram lapidadas em praça pública por adultério e muitas outras lutaram pra que a sexualidade de cada um seja algo de direito. A minha questão é: uma pessoa que é lapidada em praça pública não faz campanha pela lapidação, então respeitemos sua dor, algo está errado. Se uma pessoa pública conta em público que foi lapidada, que foi vítima, que foi torturada, que sofreu, por motivos de repressão, esse assunto deve ser respeitadíssimo.

“Vinte por cento da população fazem abortos e esses 20% tem o direito absoluto de ter sua privacidade, no entanto quando decidem mostrar-se publicamente não entendo que estes assimilem-se ao repressor”, acrescentou a ex-aluna de Monica Serra, que teria relatado a experiência, traumática, às alunas da turma de 1992.
Exílio e ditadura

Sheila diz ainda, em seu depoimento, que “muitas pessoas querem ‘explicações” para o fato de ela declarar, publicamente, o que a ex-professora disse às suas alunas na Unicamp.

“Eu sou apenas uma pessoa, uma mulher, uma cidadã que viu um debate e que se assustou, se indignou e colocou seu ponto de vista na internet. Ao ver Dilma dizendo que Mônica falou algo sobre ‘matar criancinhas’, duvidei.

“Duvidei porque fui sua aluna e compartilhei do que ela contou, publicamente (que havia feito um aborto), em sala de aula. Eu me disse que uma pessoa que divide sua dor sobre o aborto, sobre o exílio e sobre a ditadura, não diria nunca uma atrocidade dessas, mesmo sendo da oposição. Essa afirmação de ‘criancinhas assassinadas’ é do nível do ‘comunista come criancinha’. A Mônica Serra é mais classe do que isso (e, aliás, gosto muito dela, apesar do Serra não ser meu candidato).

“Por isso, deixei claro o meu posicionamento que o aborto não pode ser considerado um crime – como não é na Itália, na França e em outros países. Nesse sentido não quero ser usada como uma ‘denunciadora de um ‘delito’. Ao contrário, estou relembrando na internet, aos meus amigos de FB (Facebook), que o aborto é uma questão complexa que envolve a todos e que, como nos países decentes, não pode ser considerado um crime – mas deve ser enfrentado como assunto de saúde.

“O Brasil tem muitos assuntos a serem tratados, vamos tratá-los com o carinho e com a delicadeza que merece.

“Agora volto ao meu trabalho”, conclui Sheila o seu relato na página da rede social.

Sem resposta

Diante da afirmativa da ex-aluna de Sylvia Monica Serra, o Correio do Brasil procurou pelo candidato, no Twitter, às 23h57:

“@joseserra_ Sr. candidato Serra. Recebemos a informação de que Dnª Monica Serra teria feito um aborto. O sr. tem como repercutir isso?”

Da mesma forma, foi encaminhado um e-mail à assessoria de imprensa e, posteriormente, um contato telefônico com o comitê de Serra, em São Paulo. Até o fechamento desta matéria, às 12:39h desta quarta-feira, porém, não houve qualquer resposta à pergunta. O candidato, a exemplo do debate com a candidata petista, novamente optou pelo silêncio.

1 comentários:

Robson Rocha disse...

A hipocrisia é a marca deste partido de Empresários (PSDB). O mesmo partido que, a partir de um golpe, impusera à câmara, no governo FHC, a emenda constitucional que possibilitava a reeleição, com pagamento de proprina é claro (400.00 mil reais para cada deputado), hoje chama o PT de corrupto. Por isso quem os apoiam é o PIG (Partido da Imprensa Golpista - GLOBO/FOLHA/ESTADÃO e VEJA), porque parece uma tendência da elite brasileira fazer golpes quando está presetes a perder o poder de vez. Foi assim na ditadura, quando se associaram aos militares, assim fora também com o golpe da Reeleicão e agora mais uma vez com esta séria de calúnias demagógicas propagadas por este partido e seus aliados (DEM/PIG). Mas agora tá mais difícil, muito mais difícil, porque a diferença é clara. Ninguém, além da elite desesperada e classe média sempre mesquinha, acham o voto em SERRA uma via segura e produtiva.

ESTANDARTE DO POVO

Estandarte contra os MOVIMENTOS ESTUDANTIS "PROGRESSISTAS"!

Movimentos de Juventude! Belíssimo nome para aqueles que, apesar de não quererem mudar nada, também precisam de algum movimento que os façam parecer "politizados" ou "progressistas". Quando é que estes jovens perceberão que POLÍTICA EXIGE ESTRATÉGIA!?!? Ou melhor. Será que eles serão capazes um dia de ultrapassar os limites da aristocrática universidade brasileira?
Penso que não, porque há muito estes grupos jovens demonstram uma enorme incapacidade de organização. Estes mesmos jovens, a maioria proveniente das classes médias, jamais pisaram num bairro (não digo favela porque me parece demais para eles) e sequer conhecem e reconhecem a arte e os direitos das pessoas que de fato precisam ter voz, não porque simplesmente estão sendo subjugadas - isso também , mas sim porque são estas mesmas pessoas que SEMPRE NOS DERAM TUDO AQUILO COM O QUAL NÓS HOJE, COMO PAÍS, PODEMOS NOS ORGULHAR DE SER E TER.

O Samba, expressão máxima do povo brasileiro, centro organizador dos bairros e das favelas pelas escolas de samba, simplesmente não são lembrados por estes jovens universitários demagogos que acham mesmo que podem enganar muita gente com estes discursos anacrônicos - como os do PSTU e PSOL. Por que eles insistem em não diferenciar as propostas do PSDB, partido claramente conservador, com as propostas do PT, partido de base sindical e que possibilitou uma grande transformação e um desenvolvimento sustentável neste país? Será que eles pensam mesmo que será a mesma coisa caso o PSDB assuma o poder ao lado do DEM?

Isso só indica a total falta de articulação e estratégia política destes partidos. Não é, definitivamente, apenas falta de dinheiro para campanha, ainda que isso também pese no fim.

Por sorte, nem todos os movimentos progressistas são tão INGÊNUOS E DESPREPARADOS como os movimentos destes partidos!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Noites Mágicas - Alexandre da Silva Azevedo

Tenho vivido as delirantes noites mágicas
dos sentidos e da vontade
desde que conheci a paz
que ultrapassa a compreensão

Por isso permaneço atento
à serenidade da luz e dos espaços solitários

As cores, agora, explodem meus olhos
E eu busco, em vão, alcançar o sol
Canto alucinadamente
Flutuo entre nuvens
Sinto-me iluminado ---
misteriosamente iluminado nesta solidão!

Já é noite - Alexandre da Silva Azevedo

Já é noite
a cidade já se apagou
e aqui ficou tudo muito vazio
depois que você partiu

Já é noite
lá fora chove e venta
e aqui as coisas não vão bem
desde que você partiu

Já é noite
bebemos nossas horas de abandono
vagando pelas ruas de nossa solidão

Já é noite
o relógio bate a tua espera
as horas arrastam a tua ausência
na minha loucura
de querer te amar

O jovem colorido - Alexandre da Silva Azevedo

O jovem colorido
roupas de cetim brilhante e óculos escuros
está delirando
abrindo as portas do sonho

Seu espírito vagueia por estranhos mundos
e ele viaja através do espelho

O jovem colorido
cabelo despenteado e olhar gélido
agora vive na sombra
numa suave treva de delírio
cheio de guitarras e poeira

Serra e Pastor Malafaia: o cúmulo do absurdo!

Vocês viram a campanha eleitoral deste Domingo, 18 de outubro?
O mais novo cabo eleitoral de José Serra (PSDB), o renomado pastor Silas Malafia (o mais comercial e enganador do momento), anganriando votos de seu rebanho evangélico. 
É a mais descarada forma de alienação política já vista nestas eleições, a qual compactua o nobre partido do candidato "Zé do povo Serra" .
Enquanto uma grande parte de eleitores Católicos bombardeiam a Candidata Dilma (PT), por simplesmente não seguir os ritos da Igreja Católica, o Zé Serrinha se junta ao o que há de pior na Igreja Neopetencostal. O braço mais comercial e alienado dos Protestantes!
Isso a mídia e os católicos não comentam, não enxergam e não querem saber.
É a velha forma de divisão pré-ditadura: "A Marcha da Família com Deus pela Liberdade" contra "Os Comunistas Comedores de Criancinhas".
Isso é a mais grotesca forma de se arrancar votos de um massa de eleitores que, como ovelhas em um rebanho, seguem seu Pastor para onde ele bem entender.
Vejam com seus próprios olhos o maravilhoso site comercial religioso que apoia a candidatura do "Zé do Povo":

O Brasil é um Estado Laico, vamos valorizar o pensamento político ao invés da alienação religiosa!
Para os Cristãos desavisados: Daí, pois, a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus, já dizia Jesus

domingo, 17 de outubro de 2010

Estandarte sobre entrevista de Maria Rita Kehl à Carta Capital

http://www.cartacapital.com.br/politica/a-campanha-eleitoral-assumiu-um-tom-fascitoide-diz-maria-rita-kehl/comment-page-6#comment-21460

Estandarte do Povo disse:

Como disse Maria Rita Kehl a grande imprensa está na mão do PSDB paulista, pois é em SP que se concentra toda grande mídia de direita que ajuda a deturpar o cenário político com reportagens claramente partidárias, e quando uma jornalista competente decide falar a verdade, é sumariamente demitida, como aconteceu neste caso.
Retrocesso maior ainda será este tal de Zé “do povo” Serra ganhar a eleição. Ele é tão sincero e comprometido com a população pobre do Brasil que manda eleitora favelada mandar-lhe um FAX e faz propaganda eleitoral gravando em favela de plástico, no estúdio, simulando a pobreza no Brasil. Que segundo ele não deve existir, já que se deu ao trabalho de criar uma!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Estadarte sobre o PIG

http://www.conversaafiada.com.br/pig/2010/10/15/bomba-bomba-veja-a-capa-da-veja/#comment-213897

Estandarte do Povo

O PIG age novamente! Defendem a democracia com o seu discurso treinado, mas todos sabem que é apenas da boca pra fora. essa cobertura tendenciosa não impedirá a organização da sociedade civil que se colocará frente a essa corja com um voto sonoro: DILMA – 13!!!!

Organizemo-nos, então!

Para você, que não votou na Dilma


Por Leonardo de Souza * – Você não votou na Dilma no primeiro turno. Também não pretende votar nela no segundo turno. Não apenas você não vai votar nela, como você tem alertado sobre os perigos de se votar na candidata petista. Você tem suas razões para achar que o voto em Dilma não é o melhor para o Brasil.

Eu não penso como você. Entendo que o melhor voto para o Brasil é o voto em Dilma Roussef, e não em José Serra.
A principal razão que, no meu ponto de vista, justifica o voto em Dilma não é uma única razão. Na verdade, são 53 milhões de razões: entre 2003 e 2008, foram 21 milhões de brasileiros que deixaram a miséria e outros 32 milhões que ascenderam à classe média. Os números dos que chegaram à classe média correspondem mais ou menos ao total de torcedores do Flamengo, e os que saíram da pobreza correspondem aproximadamente à torcida do Corinthians. É isso mesmo: o número de brasileiros que melhoraram de vida na Era Lula é um pouco menor que a soma das torcidas do Flamengo e do Corinthians. A pobreza extrema no país foi reduzida à metade nos anos Lula. Esse salto não se deveu apenas ao bom momento econômico. Isso é fruto de medidas específicas do Governo Federal, tais como o Bolsa Família e o Bolsa Escola.

Você chama esses programas de assistencialistas, de demagogia paternalista. Na sua concepção liberal de “Estado mínimo”, esses programas não têm justificativa. Mas os países socialmente mais justos foram aqueles em que o Estado assumiu um papel ativo na promoção do bem estar social. Você condena os programas brasileiros, mas, quando vem à Europa, se embasbaca dizendo que a Suécia ou a Dinamarca é que são países “de verdade”, pois se importam com seus cidadãos. Os programas sociais brasileiros são irrisórios se comparados aos de países da Europa ocidental. Por que você etiqueta os programas assistencialistas suecos de “justos” e os brasileiros de “demagógicos”? O número de programas de suporte social de um país como a França é muito superior ao do Brasil. Para você ter uma ideia, aqui eu recebo uma ajuda de moradia, fornecida pelo governo francês a todo estudante que paga aluguel, seja ele francês ou não. Isso custa uma grana preta aos cofres franceses. Certa vez, comentei com um colega no trabalho que recebia essa ajuda. Nunca vou me esquecer do que ele falou: “Puxa, nem sabia que isso existia aqui na França. Sou classe média, não preciso desse auxílio, mas fico feliz de saber que os impostos que eu pago servem para ajudar estudantes como você”. Isso é civismo. É impensável ouvir isso da classe média brasileira, notória pelo seu acivismo. O que se ouve deles é que “a classe média é explorada”.

Você deveria é ficar feliz de saber que parte de seus impostos são destinados a ajudar os brasileiros que podem menos. Votar em Dilma é votar na continuidade desses programas. É a garantia de que mais compatriotas irão melhorar de vida. Ou você acha que vai manter esses programas um cara cujo vice propôs punir quem dá esmolas e que chamou o Pronasci de “bolsa-bandido”? Um cara cuja esposa chamou o Bolsa Família de “bolsa vagabundagem”? Você acha que esse senhor tem capacidade de diálogo com os mais desprovidos? Um cara que diz não entender os sotaques de goianos, mineiros e pernambucanos? Um cara que, como bem observou Idelber Avelar, inventou a favela de plástico? Um cara que diz para uma eleitora na favela, “Não posso conversar agora. A senhora não poderia me mandar um fax?”? Esse senhor não demonstra ter canais de comunicação com os pobres. Serra diz que vai manter os programas sociais. Só que eu não confio no que Serra diz. Aliás, não confio sequer no compromisso que ele assume por escrito em cartório.

Foi sob o Governo Lula que a economia brasileira conheceu um período de crescimento expressivo, inclusive durante a crise mundial. Conheço seu argumento: “Lula continuou o que FHC fez”. Só que o próprio FHC reconheceu recentemente que a gestão econômica do PT tem méritos próprios. Insistir na tese de que tudo de bom da economia brasileira não tem sequer uma contribuição da equipe econômica de Lula, mas apenas de FHC e do Plano Real, tem tanto sentido quanto dizer que a pujança da indústria automobilística brasileira nos dias atuais é mérito de apenas um homem: JK.

Não foi apenas no plano econômico que a gestão Lula foi primorosa. Há que se destacar a revitalização do sistema universitário público. Comparar a gestão Lula com Paulo Renato é como comparar o Barcelona ao Madureira. Foi nos anos FHC que o ensino superior privado conheceu fulgurante expansão – na maior parte das vezes, sem a contrapartida da qualidade –, rifando vagas universitárias a megagrupos empresariais. Ao mesmo tempo, as universidades federais entraram em processo de sucateamento: Paulo Renato cortou verbas, restringiu concursos para professores e funcionários, priorizou a expansão do ensino privado, não promoveu uma política de assistência estudantil. Fiz o curso médico na UFMG durante os anos FHC. O descaso governamental provocava greves recorrentes (a de 1998 foi marcante) e provocou inclusive o fechamento do Hospital das Clínicas da UFMG, p elo simples motivo de que a verba federal não era repassada: centenas e centenas de alunos, além de milhares de pacientes carentes, sofreram com o fechamento do hospital. Hoje, o campus da UFMG tem outra cara: prédios novos e modernos foram inaugurados (Economia, Farmácia, Odontologia, Engenharia).

A Cynthia Semíramis concorda comigo. Lula investiu no ensino superior: criou 14 universidades federais e outras dezenas e dezenas de escolas técnicas, muitas delas em regiões menos desenvolvidas do país. Foi a política de Lula que permitiu a criação, por exemplo, do Instituto de Neurociências de Natal, que já está aí, repatriando pesquisadores e fazendo pesquisa em alto nível. Cargos docentes foram criados e a carreira universitária foi valorizada, em flagrante contraste com a ativa promoção da penúria que marcou a gestão Paulo Renato. Tudo isso propiciou que os mestres e doutores formados no Brasil ocupassem cargos na universidade brasileira, evitando o brain drain que por tantos anos sangrou a academia brasileira.

O salto na pesquisa brasileira desde a eleição de Lula é bastante expressivo. Em 2003, os investimentos em ciência e tecnologia foram de 21,4 bilhões de reais; em 2008, já atingiam R$ 43,1 bilhões. Paralelamente, houve notável aumento da produtividade científica brasileira: as publicações em peer-review journals saltaram de 14.237 em 2003 para 30.415 em 2008. Subimos da 17ª posição no ranking da SCImago, em 2000, para a 14ª, em 2008. Passamos países com maior tradição de pesquisa, como a Suíça e a Rússia. A política de pesquisa do Governo Lula foi elogiada inclusive pela Nature, uma das revistas científicas mais importantes do mundo (aí, Tio Rei, coloque mais essa na lista do jornalismo chapa-branca). Eu não voto em José Serra porque não quero que a universidade e a pesquisa brasileiras sejam sucateadas novamente. Não merecemos outro Paulo Renato.

Você diz que o governo do PT é anti-democrático, que ele coíbe a liberdade de expressão e que ele ameaça a liberdade de imprensa. Você acha que o PSDB representa uma proposta democrática. Discordo nos dois pontos. Houve declarações atrapalhadas do governo no que diz respeito à imprensa, e não aprovo a atitude de Lula no episódio Larry Rother. Mas daí a dizer que governo do PT é anti-democrático e que cerceia a liberdade de imprensa vai uma distância muito grande. Nem mesmo FHC sustenta que o Lula é stalinista – só aloprados como Olavão e o Tio Rei é que alimentam besteiras assim. Se, como você diz, o PT censura a imprensa a seu favor e coloca um monte de jornalista chapa-branca nas redações de todo o país, olha, então o PT tem que aprimorar seu s métodos. Dê uma olhada nas últimas capas da revista semanal de maior circulação do país, ligue a TV no principal canal, ou visite um dos blogs políticos mais acessados e veja (ops!) se há algum indício de que o PT tolhe quem fala mal dele e quem aponta as lambanças do partido. Aí você diz que, no governo Lula, tentou-se criar o Conselho Nacional de Jornalismo e que isso era uma tentativa ditatorial de controlar a liberdade de imprensa. Se isso é ditadura, sua lista de governos anti-democráticos deve incluir também países em que o Conselho já existe, como a França e a Inglaterra, como bem lembra Jânio de Freitas. Você critica a TV Brasil, dizendo que o governo não tem que manter canal de TV. Diga isso a um francês. Ele vai lhe dizer que na França não existe um canal de TV na cional que seja público. Existem cinco.

Eu também li o editorial do Estadão, dizendo que Dilma é “o mal a evitar”, por representar uma ameaça à democracia e à liberdade de imprensa. Você achou bonita essa defesa do “Estado de Direito”, né? Por que o Estadão nunca fez um editorial como esse quando o Brasil efetivamente vivia sob uma ditadura, nos anos de chumbo? Por que, dias depois desse editorial, esse mesmo órgão que se põe como baluarte da democracia plural demitiu sumariamente uma colunista que apoiou o Bolsa Família?
E será que o PSDB é tão comprometido assim com a democracia constitucional e com a liberdade de expressão? E os arapongas da Abin na gestão FHC? De qual partido é Eduardo Azeredo, que propôs uma lei de controle da internet que é carinhosamente chamada de AI-5 digital? De qual partido é Yeda Crusius, que mobilizou a PM gaúcha para espionar uma deputada de oposição, inclusive suas crianças (via Idelber)? De qual partido é Beto Richa, que censurou sete pesquisas eleitorais, um blog e até um twitter? E o que dizer do Serra, que telefonou a Gilmar Mendes para que ele tomasse a decisão que o PSDB preferia, no que diz respeito aos documentos necessários à votação? Isso é respeito às instituições democráticas?
Você reprova a política externa do Lula, dizendo que ele desonra a democracia brasileira, privilegiando o diálogo com regimes fechados e ditatoriais. Então me responda: onde estava sua indignação quando FHC condecorou o ditador peruano Alberto Fujimori com a Ordem do Cruzeiro do Sul?

Você vê com maus olhos as alianças políticas do governo Lula e acha que isso é um argumento forte para não votar no PT. Eu também não gosto do Sarney, do Collor, do Calheiros, do Temer, do Hélio Costa. Preferiria que eles estivessem longe do poder. Mas já passamos da idade de acreditar em purismo ideológico, né? Isso é coisa de adolescente que descobre a política. Fazer política é fazer alianças, muitas das quais difíceis de serem engulidas. Vai me dizer que você gostava de ver o sociólogo da Sorbonne de mãos dadas com o PFL de ACM e cia.? Você gostava de ver o Renan Calheiros como Ministro da Justiça do FHC? Talvez você nem sequer goste do Índio da Costa… Bem vindo à real politik, mon ami.

E sim, você vai me falar da corrupção na gestão petista. É verdade. No que diz respeito ao combate à corrupção o governo Lula não foi virtuoso – longe disso. Houve mesmo bastante corrupção. O mensalão existiu, não foi invenção. Mas, será que a oposição é impoluta e pode mesmo posar de moralmente superiora? Lembra-se do Mensalão Mineiro e do Azeredo? Do Ricardo Sérgio de Oliveira, caixa do alto tucanato, que levou R$ 15 milhões na privatização da Vale? Dos R$ 400.000 a cada deputado que votou a favor da reeleição? E o esquema de corrupção e espionagem, revelado no escândalo dos grampos durante a privatização da Telebrás, envolvendo FHC, o presidente do BNDES (André Lara Resende) e Luiz Carlos Mendonça de Barros (ministro das Comunicações)? E a farra do Proer? E o favorecimento ilícito da Raytheon na instalação do SIVAM ? E a endinheirada relação entre Chico Lopes (ex-presidente do BC) e o banqueiro Salvatore Cacciola? E Eduardo Jorge, assessor pessoal de FHC envolvido em diversas negociatas, inclusive em “caixa dois” para a reeleição de FHC? Por favor, não me venha com essa conversa de que o PSDB não compactua com a corrupção.

Eu vou concordar com você que o Brasil precisa de investimento em infra-estrutura: portos, rodovias, aeroportos. Mas será que o governo que impôs à população brasileira o racionamento de energia é mesmo o mais preparado para conduzir esses avanços em infra-estrutura? Acho que não.

Mas talvez nenhuma dessas questões sobre economia, educação e gestão pública importem para você. Talvez o que mais lhe opõe à candidatura de Dilma Roussef sejam questões religiosas. Pode ser, por exemplo, que você se oponha à política petista em defesa dos direitos civis dos homossexuais. Você chama isso de “tentativa de implantação de uma ditadura gay no Brasil”. É engraçado ouvir que existe ditadura gay no Brasil das mulheres-fruta, das dançarinas de axé, da erotização infantil, das peladonas do carnaval, das bancas em que pululam revistas masculinas de orientação heterossexual. Fique tranqüilo, essas coisas vão continuar acontecendo e ninguém está propondo instituir o monopólio da G Magazine entre as revistas de entretenimento adulto (fugiremos juntos do Brasil quando isso acontecer, ok?). Estamos falando em este nder a uma pequena parcela da população os direitos civis desfrutados pela maioria. Nenhum governo do mundo tem poder para forçar alguém a assumir determinada sexualidade, porque os determinismos neurobiológicos da sexualidade passam ao largo da legislação dos homens – do contrário, eu acharia que os labradores machos lá do sítio da minha família só montam um no outro porque o governo PT apóia a causa homossexual (e eu desconfio que meus labradores não entendem muito bem o que seja o PL 122). A questão aqui é apenas garantir que a expressão de determinado comportamento sexual não seja discriminada. Isso não é forçar a população a ser homossexual, nem calar heterossexuais. O prefeito de Paris é gay, assim como o de Berlim e a Primeira Ministra da Islândia. Eu, heterossexual, não sofro por morar em uma cidade governada por um gay.

Aproveitando o tema, permita-me uma pergunta: o que aconteceria se, ao invés de se mobilizarem maciçamente contra o “casamento gay”, os evangélicos se movessem por coisas que importam, como metrôs, ensino público, bons hospitais e punição a corruptos? Por essas e outras, é que indicadores como mortes violentas, saneamento básico e crianças nas escolas são bem melhores em Paris do que em São Gonçalo, cidade do Brasil com maior concentração de evangélicos. A luta contra a miséria e os embates por educação, transporte e hospitais de qualidade não parecem sensibilizar evangélicos – mas se dois marmajos querem juntar escovas de dentes no mesmo copo do banheiro, aí eles entram na briga, né? Essa miopia política acívica atrasa o país. O Brasil se ria bem melhor para todos se os evangélicos batalhassem politicamente por coisas que realmente importam – e isso certamente não inclui ajustar o mundo aos estritos códigos comportamentais que defendem.
Há o aborto também. Você está certo: a Dilma é a favor do direito ao aborto (este vídeo é como batom na cueca, não tem o que discutir). Mas preste atenção: estamos tratando de uma eleição presidencial, não de um plebiscito sobre o aborto. E você sabe: o presidente não tem poder para assinar um papel e legalizar o aborto por conta própria, sem aprovação do Congresso, como se estivesse assinando uma ordem para comprar canetas Bic para escolas públicas. A discussão e a legislação sobre aborto são matéria do Congresso, não do presidente. Não misture as coisas. Não entre na onda dos que estão transformando essa eleição em um plebiscito.

O Brasil melhorou muito sob a égide de Lula. A imprensa mundial, dos veículos mais à esquerda aos mais à direita (tá aqui o Figaro que não me deixa mentir), saúda os avanços na Era Lula. Você dirá, com razão, que toda unanimidade é burra. Sim, é verdade. Mas isso não significa que toda forma de discordância é inteligente. Não é inteligente negar que, nos anos Lula, o Brasil se tornou um país socialmente mais justo e menos desigual. Isso é negar os fatos. E negar os fatos nunca é inteligente.
Você pode até não votar na Dilma, por razões várias. Eu, de minha parte, prefiro apoiar quem tem feito do Brasil um lugar melhor para o maior número possível dos filhos deste solo: os brasileiros.

* Leonardo de Souza é médico formado pela UFMG. Especialista em Neurologia, trabalha desde 2005 no Centro de Doenças Cognitivo-Comportamentais do Hospital da Pitié-Salpétriêre, em Paris. É doutorando em neurociências na Université Paris VI. Este texto foi publicado inicialmente em seu blog: aterceiramargemdosena.opsblog.org.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Nelson Sargento - Agoniza mas não morre

PSDB de Serra e o cheiro do povo

Estandarte sobre o ABORTO

Estandarte do Povo, Juiz de Fora - MG 13/10/10 23:31

Matéria do Jornal do Brasil: http://www.jb.com.br/eleicoes-2010/noticias/2010/10/13/dilma-diz-a-evangelicos-que-nao-tentara-alterar-lei-do-aborto/

Mas por que não descriminá-lo se uma parte considerável da população já fez ou faria um aborto? Por que ouvir apenas os evangélicos, ou melhor, será mesmo que a igreja deveria se meter assim em questões de direitos civis? Religião e Estado precisam se separar definitivamente! Dêem a César o que é de César!

O Estandarte do povo é a favor da descriminalização do aborto, porque o povo clama por ela!

Estandarte sobre o PSDB

Estandarte do Povo sobre o PSDB num comentário numa matéria do jornal do Brasil do dia 13 deste mês, inspirado na percepção de Ricardo Maciel de que a frase de Castanhede de que "a massa do PSDB é cheirosa" revela bem aquilo que este partido considera do povo.

http://www.jb.com.br/eleicoes-2010/noticias/2010/10/13/serra-se-irrita-com-jornalista-por-pergunta-sobre-paulo-preto/

  • Estandarte do Povo, Juiz de Fora - MG
    Estandarte do Povo, Juiz de Fora - MG 13/10/10 23:20

    Será que o Serra um dia vai querer entender o que significa propriamente liberdade? Que a liberdade só é de fato lilberdad equando é para todos? Afinal de contas, o homem que tem necessidade de ser senhor sobre seus escravos já é escravo desta necessidade. E a quem todos vocês acham que o PSDB defende? Os senhores de nossa sociedade, ou essa nova forma e sofisticada forma de escravidão que se tornou o modo como milhões de brasileiros ainda hoje são coagidos a trabalhar? e isso mesmo quando não há escravidão de fato. Não se iludam! É claro que o PSDB defende uma determinada parcela da classe média, justamente a menos criativa de nossa sociedade: os empresários. Nossos novos senhores!
    Ah sim! No PSDB há também de vez em quando a massa, mas como Eliane Castanhede muito contente ousou dizer, "uma massa cheirosa"!

    O povo fede, então, senhores do PSDB?

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Eleições 2010

Trago aqui dois textos sobre os destaques do nosso processo eleitoral atual, a repercussão internacional e o caso tiririca, para podermos nos informar melhor. Tirem suas conclusões e comentem. Não menos importante: sugiram e colaborem!

Abraços.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O nobre ofício - Robson Rocha

À Thaís, minha única mulher, por compartilharmos o mesmo ofício.


Sempre que reflito
sobre a necessidade
de vomitar palavras poderosas
em um papel sem vida
percebo quão nobre
ainda pode ser o ofício
daquele que pensa
e carece deste tormento
para, num papel, se encontrar!

A Rapina - Robson Rocha

Eu sou a flecha do mundo

Querubim de Satanás

Caminhante dos desígnios guturais

Da essência recôndita dos homens


Minha palavra é a peçonha

Que abre brechas nos peitos cansados

E faz renascer a brasa fulgurante

Do fogo que provém do mal:

A maior possibilidade humana!


A esta tarefa vos conclamo

Oh! Companheiros deste destino.

Pois, apenas quando abertos à rapina

Podemos alcançar a possibilidade divina

De ser eterno entre os mortais!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

No segundo turno das eleições... - Ricardo Maciel

No segundo turno das eleições...

Definitivamente a mídia resolveu mostra-se novamente. Nunca foi sonsa, mas esteve mais tranqüila por um tempo. Com a proximidade das eleições, no entanto, pareceu que queria acordar e provar que tem poder sobre os resultados das urnas. Agora no segundo turno confirmou todas as suspeitas. Os meios de comunicação tradicionais (TV, radio, jornais e revistas), representados por empresas como O Globo, editora Abril, jornais de São Paulo em geral e outros têm movido uma intensa campanha eleitoral por meio das noticias que exibem e da programação que promovem. Manchetes tendenciosas sempre desfavoráveis ao governo têm pipocado nas paginas e na tela. Parecem querer reviver suas glorias alienantes. Vamos nos lembrar de Collor de Melo e da cobertura que estes veículos deram à sua campanha e a forma como manipularam as informações, ou alguém se esqueceu da edição do debate promovido pela TV Globo. Vamos voltar ainda mais. Qualquer brasileiro que puder se desprender do imediatismo da vida e olhar um pouquinho para o passado saberá de que lado esses grupos estavam no nosso sangrento período de ditadura militar (hoje levantam a bandeira da democracia?!?!). Essas empresas visam unicamente seu próprio poder e o dos grupos que as sustentam (quem teve a oportunidade de ler obras como 1964 do uruguaio Dreifuss sabe das atividades do capital privado no período referido). A intenção aqui não é defender nenhum candidato apenas mostrar o grande paradoxo que há entre a forma como esses veículos dão as notícias e os valores que recorrentemente reclamam como imparcialidade, veracidade e democracia. Enquanto exibem suas noticias de forma nevoenta, consumindo pesquisas como loucos, os temas importantes, aquilo que é de fato relevante, permanece sem ser dito. Esses grupos que tanto clamam por bandeiras admiráveis como a liberdade de expressão, não estão sendo tão libertários nas informações que divulgam. Isso para não falar na qualidade deplorável da programação que engendram a trazem até o público. Esta difícil se informar sem se irritar, mas a história embora se assemelhe não se repete, esse nítido desespero é fruto de quem sente o poder de antes escorrer pelas mãos. Vamos ficar atentos.

Ricardo Maciel

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Protesto burro.

Diogo Tourino de Sousa – Cientista Político (UFV), pesquisador do Centro de Estudos Direito e Sociedade (CEDES/IESP).

Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Ciências Sociais. Campus Universitário. Viçosa-MG. CEP: 36570-000. Telefone: (31) 3899-3445.

e-mail: diogotourino@hotmail.com

Há alguns anos a cédula eleitoral era o mecanismo com o qual os cidadãos brasileiros expressavam, de tempos em tempos, suas opiniões sobre o estado das coisas no país. Por vezes, o protesto contra a classe política e as instituições democráticas se dava no voto em personagens fictícios ou animais de zoológico – como os exemplos do macaco Tião e do rinoceronte Cacareco bem ilustram – em vista da possibilidade subjetiva de escrever na cédula o que o eleitor bem quisesse. Hoje, na era da urna eletrônica, parece que as atitudes de outrora encontraram uma nova forma de dar vazão a insatisfação dos brasileiros. Ante a impossibilidade de escapar do “escol” de opções determinado pela urna, e mesmo da pouca significância dos votos nulos e brancos – ambos inválidos e fora da conta final –, uma fatia considerável do eleitorado parece ter adotado o escracho como alternativa viável. Não por acaso, o palhaço Tiririca obteve mais de um milhão de trezentos mil votos em São Paulo, configurando como o candidato a deputado federal mais votado no país. O curioso é que esse “voto de protesto”, motivado pela insatisfação com políticos defenestrados pela opinião pública, torna vencedores, por meio da proporcionalidade e coligações, exatamente aqueles que se pretendia punir. Tiririca, ancorado num slogan perverso para a vida democrática – “pior do que está, não fica” – alcançou sozinho mais de quatro vezes o quociente eleitoral elegendo, com ele, personagens não tão “populares”. Ainda assim, o sistema sobreviverá. No Congresso, o palhaço e seus “caronas” serão diluídos numa lógica dominada por lideranças de bancada e disciplina partidária, integrando o “baixo clero”, conforme a vulgata parlamentar ironicamente denomina. A bancada eleita nas costas de Enéas Carneiro nas eleições de 2002, exemplo similar de sucesso eleitoral por meio da pilhéria, atesta o destino desses futuros parlamentares: em quatro anos, nenhum projeto aprovado, nenhum barulho feito. Todo o estardalhaço observado durante o processo eleitoral se perdeu no funcionamento cotidiano de uma estrutura que parece ter naturalizado esse tipo de problema. Não questiono a possibilidade democrática de personagens como Tiririca participarem do pleito. Penso, apenas, nessa forma de protesto burro que acaba por beneficiar exatamente aqueles que se pretendia condenar. O caminho já foi descoberto e podem estar certos, será utilizado novamente. O sucesso eleitoral de alguns alinhava um interessante caminho para que políticos conspurcados no passado possam, sem muito esforço, se reabilitar na vida pública. Na contracorrente, podemos pensar que o mundo pode ser sempre pior, ou melhor, depende das nossas escolhas.

Viçosa, 04 de outubro de 2010.

A Praça é nossa

Num dia inoportuno
e em colóquio profundo,
contemplávamos os túmulos,
as cruzes e o marco do centenário

Quando, então
na praça Di Cavalcanti
logo em frente ao cemitério
no rápido repente de um momento
a justiça fora ultrajada

Um homem gritava
em brados animalescos
O troglodita não pensava
que feria o meu direito.

Mas agora, sem medo,
numa reação presta,
os ultrajados em canto
dedicam-lhe a resposta honesta:

Oh! Pau de Merda
Escória da humanidade inteira
Não partilharei de tua desgraça
pois as vozes que calaste por nada
ainda vão cantar na mesma praça!

Ricardo Maciel, Robson Rocha e Wadson Xavier

sábado, 2 de outubro de 2010

Realidade x Normalidade - Lívio Martins


Em uma aula de prática jurídica do trabalho, ao ser apresentados “Os Documentos Obrigatórios Para a Contratação”, foi citado o “Comprovante de Habilitação”,  “Se o caso exigir”. Ao debater sobre o tema, o professor, sem entrar em qualquer questão filosófica, porque a aula era de prática jurídica, devendo ser apresentado então a realidade dos processos na justiça do trabalho, utilizou como exemplo para a necessidade do comprovante de habilitação, a contratação de um motorista, que poderia ser de caminhão ou ônibus, necessitando assim a apresentação da carteira de motorista com habilitação “D”ou “E”.
Como a aula era de prática jurídica do trabalho, o professor nos trouxe a possibilidade de um cliente nos procurar, informando que foi despedido por justa causa, pois estava contratado para dirigir um veículo de carga (caminhão), sem ter a habilitação devida, e durante um deslocamento teria sido autuado com multa pela polícia, tendo sido o veículo apreendido. Informou que participou do processo de seleção para o cargo de motorista e que em nenhum momento os responsáveis pela seleção teriam lhe pedido que apresentasse a habilitação.
Pasmem senhores, pois a realidade é dura e vem de encontro a todos os conceitos filosóficos do direito adotados pelo nosso ordenamento jurídico e faz descaso da boa-fé.
Continuando a aula, agarrado a prática jurídica que nada mais é do que a realidade da nossa justiça, o professor nos informou que neste caso havia a responsabilidade do empregador em exigir durante o processo seletivo a apresentação da habilitação, e como não houve essa exigência, o empregador, face a sua omissão, não poderia despedir o empregado por justa causa, ainda que este tenha agido de má fé durante todo o processo seletivo, sabendo que era candidato a ocupar um cargo que não estava habilitado.
É fato que o empregador, é responsável pela omissão, devendo pagar a multa pela infração de transito e arcar ainda com outros possíveis prejuízos como até mesmo o perecimento da carga ou a perda do prazo na entrega. O que não pode é, o empregado que conseguiu burlar, fraudar, ou até mesmo corromper o processo seletivo, receber como prêmio pela sua perspicácia todos os direito trabalhistas que são assegurados ao trabalhador demitido sem justa causa.
Tal visão, praticada atualmente nos tribunais de justiça do trabalho, soa para mim como um incentivo à má-fé do trabalhador, dizendo a este que ele pode fraudar e candidatar-se livremente a cargos que não está habilitado, e até mesmo exercer esses cargos, que ainda assim a “Justiça do Trabalho” o protegerá do sempre injusto empregador, e pondo neste caso concreto, a vida em risco dos demais usuários das estradas. (imaginem casos em que for contratado um médico sem a devida habilitação)
E mais, se tal conceito filosófico fosse colocado em prática nas demais áreas da nossa justiça, em um roubo a banco por exemplo, os indivíduos que agissem contra o patrimônio do banco teriam o direito de permanecer com os bens adquiridos ilegalmente, sem qualquer responsabilidade penal, haja visto que a responsabilidade deveria ser da empresa de vigilância que não agiu de forma a conter os meliantes. Ainda na mesma linha de raciocínio, os detentos que fugissem da prisão deveriam ter direito garantido a liberdade, face à responsabilidade dos agentes penitenciários em impedir tal ação, devendo ser o estado responsabilizado.
O conceito apresentado na justiça do trabalho, ao meu ver, soa como uma aberração jurídica, cabendo a nós observarmos que esta é a realidade porem sem jamais aceitarmos isso como normalidade.
Quando aceitamos tais conceitos, de nossa mais pura e cruel realidade como normais, na verdade estamos perdendo valores morais. È como uma guerra, onde aos poucos estamos perdendo terreno, ocorrendo uma invasão silente em nossos conceitos enquanto estamos distraídos com o carnaval, às mulheres fruta, etc, quando percebemos, as nossas fronteiras morais já foram alteradas. Nossa realidade hoje nos apresenta latrocínios, estupros, drogas, mensalão, nepotismo, dentre outros, e a impunidade espalhada pelo nosso país. O que fazer diante desta realidade? Adotar isso como padrão para nossa sociedade? Observando essas condutas como normais? Ser honesto hoje já é uma qualidade?
Deixo ao leitor as respostas.   

Lívio Martins