Ricardo Maciel, Robson Rocha e Wadson Xavier. Contribuições pelo E-mail: estandartedopovo@hotmail.com | Deixa o estandarte do povo passar eu quero ver esta gente cantar cantando a plenos pulmões a alegria dos corações que ainda precisam do samba pra chorar Canta, minha gente canta Eu vou cantar com empolgação |
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
Sobre cotas raciais e sociais
Fico
impressionado com a falta de profundidade no pensamento das pessoas em relação ao
sistema de cotas, principalmente para negros, comprovei isso nos famosos banners divulgados no Facebook, vamos
dar uma olhada:
A “lógica”
desse pensamento raso é de que todos são iguais, portanto, devem competir
juntos a uma vaga na universidade. Mas se analisarmos um pouco a questão
veremos que não é bem assim.
Não preciso
apresentar aqui gráficos ou estatísticas para demonstrar que, hoje, as
universidades públicas (e também as particulares, mas vou me ater aquelas, já
que se trata de política pública) têm poucos alunos negros em relação a esta
população no Brasil. Basta entrar em
uma UF e constatar.
O pensamento
comum, superficial, entende que o governo subestima os negros criando formas de
ingresso segregado, como se estes não tivessem capacidade para o ingresso na
Universidade.
Na verdade,
sabemos que historicamente a população brasileira pobre (e honesta) luta para
pagar as contas no fim do mês, não restando tempo para se dedicar aos estudos,
muito menos bancar bons colégios e cursos que dão base de entrada para as
Universidades Públicas. Com raros heroísmos algumas pessoas conseguem furar o
“esquema” e atingir o ensino superior.
Assim, as
cotas garantem a população pobre e estigmatizada (sim, porque conhecemos “a
cara” do pobre no Brasil: é negra, é nordestina, é mestiça, é parda) uma
repartição das vagas de maneira mais justa ao reservar (sim, é necessário
reservar) uma parte do ensino superior aquela população historicamente excluída
e majoritária que se mostrou mais capacitada no processo de seleção.
Ainda assim
sobra o argumento, também comumente usado, de que os profissionais
formados serão de nível intelectual baixo, com aquelas famosas frases do tipo
“Você se consultaria com um médico que ingressou pelo sistema de cotas?”. Sim,
aliás, não me interessaria pelo tipo de critério usado no ingresso de
profissionais no ensino superior.
A formação
acadêmica, a grade curricular, o sistema de avaliação nas disciplinas é o mesmo
para cotistas e não cotistas. Se o cotista é intelectualmente incapaz de
exercer determinada profissão, será barrado no seu caminhar acadêmico da mesma
forma que o aluno não cotista.
É preciso
discernir que o Vestibular, ENEM ou seja lá qual for a forma de ingresso, acaba
no momento da matricula. Daí pra frente, começa uma nova caminhada acadêmica.
Se pensarmos que o classificado em 1º lugar no exame será necessariamente o
mais brilhante acadêmico, ele não precisaria se submeter a provas, testes e
trabalhos em sua formação superior.
Deste modo, as
cotas são uma forma de garantir o acesso - mais condizente com o retrato
demográfico – de populações colocadas a margem e sem participação efetiva na
chamada elite intelectual brasileira.
Concordo que a
melhor forma seria garantir meios de vida e educação de base igual para todos,
mas isso não sendo possível de forma imediata e nem num futuro próximo (por
diversos motivos que não cabe discorrer aqui) sou favorável ao sistema.
Respeito aqueles que discordam, contanto que fundamentem seu pensamento de maneira
um pouco mais profunda, que analisem a questão, desconstruam a aparente
coerência do senso comum que anda muito, muito baixa.
E nunca é
demais lembrar que situações desiguais devem ser tratadas desigualmente para
que se atinja a real isonomia.
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