Ricardo Maciel, Robson Rocha e Wadson Xavier. Contribuições pelo E-mail: estandartedopovo@hotmail.com | Deixa o estandarte do povo passar eu quero ver esta gente cantar cantando a plenos pulmões a alegria dos corações que ainda precisam do samba pra chorar Canta, minha gente canta Eu vou cantar com empolgação |
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Sonhei com Gente - Ricardo Maciel
(dedicado aos amigos que tem acompanhado o Estandarte)
Sonhei com gente
que carregava
burros nas costas.
Os seres humanos
faziam às vezes
dos animais de carga.
E arfavam desesperadamente
carregando
os imensos jumentos.
Em outro canto,
um banquete.
Ébrios brindavam no salão,
um especialmente
apontava sedutoramente
a estátua do Deus Baco,
que convidada com razão:
“Você quer ficar conosco”.
Contudo, vi,
no plano abaixo dele,
os olhos horríveis
de seu pai,
que estático
devorava os corpos
daqueles que o filho atrai.
Continuei a vagar
entre sonhos.
Não se pode
escolher sonhar.
Passeava num morro
vestido de Diabo.
Provém ser caçador
para não ser caçado.
No topo vi a cena
Do colosso que se erguia
O comboio rumo à guerra
acordou o gigante
que dormia.
Pôs-se de pé em fúria,
E o povo embaixo:
“Há de nos esmagar
Com uma só pisada”.
De pés tão rudes e grandes
fugiu até o Diabo.
Penetrei então
um salão da inquisição.
Padres ajoelhados
solenemente rezavam.
A dor do cristo ardente
carregavam nas faces.
E na confissão dos penitentes
arrancavam o mal
daqueles inocentes.
Me esgueirei pelos cantos
Satanás não é bem-vindo.
Quando saia ainda vi
A fogueira queimando gentes.
Vagava triste Diabo
perdido nas visões
de cenas amargas
que revelam
as humanas ilusões.
Mas ainda um pensamento
estava por principiar,
vi a última imagem
já perto de acordar:
Na entrada da cidade
subia com felicidade
um cortejo de folia popular.
Cantando e dançando carregavam
o Estandarte que vinha a passar.
Ricardo Maciel
Sonhei com gente
que carregava
burros nas costas.
Os seres humanos
faziam às vezes
dos animais de carga.
E arfavam desesperadamente
carregando
os imensos jumentos.
Em outro canto,
um banquete.
Ébrios brindavam no salão,
um especialmente
apontava sedutoramente
a estátua do Deus Baco,
que convidada com razão:
“Você quer ficar conosco”.
Contudo, vi,
no plano abaixo dele,
os olhos horríveis
de seu pai,
que estático
devorava os corpos
daqueles que o filho atrai.
Continuei a vagar
entre sonhos.
Não se pode
escolher sonhar.
Passeava num morro
vestido de Diabo.
Provém ser caçador
para não ser caçado.
No topo vi a cena
Do colosso que se erguia
O comboio rumo à guerra
acordou o gigante
que dormia.
Pôs-se de pé em fúria,
E o povo embaixo:
“Há de nos esmagar
Com uma só pisada”.
De pés tão rudes e grandes
fugiu até o Diabo.
Penetrei então
um salão da inquisição.
Padres ajoelhados
solenemente rezavam.
A dor do cristo ardente
carregavam nas faces.
E na confissão dos penitentes
arrancavam o mal
daqueles inocentes.
Me esgueirei pelos cantos
Satanás não é bem-vindo.
Quando saia ainda vi
A fogueira queimando gentes.
Vagava triste Diabo
perdido nas visões
de cenas amargas
que revelam
as humanas ilusões.
Mas ainda um pensamento
estava por principiar,
vi a última imagem
já perto de acordar:
Na entrada da cidade
subia com felicidade
um cortejo de folia popular.
Cantando e dançando carregavam
o Estandarte que vinha a passar.
Ricardo Maciel
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Belíssimo poema. As imagens com Satanás são sempr emuito fortes. Não é novidade pra você minha preferência por esse tema, porque ele sempre aponta para uma radicalidade. Só conversa com o diabo quem já foi capaz de um pacto, assim sempre se apresentou para nós essa figura enigmática.
ResponderExcluirMas o pacto sempre traz belos frutos, frutos mundanos, é verdade, mas também divinamente humanos. O Estandarte continuará passando, enquanto os homens estiverem dispostos a este pacto, porque, como uma vez disse Schelling, "as vezes é necessário que trilhemos o caminho do 'mal' para alcançarmos o 'bem'" Será que aqui não se situa num velamento, aquela quase ironia de Maquiavel? Pode ser...
Pode ser. Num mundo invertido a inversão é o reto caminho. uma passagem do Dom casmurro de Machado de Assis diz que o mundo é uma opera. Deus escreveu o livreto e o Diabo a musica. Que bela parceria. Vamos selar qualquer pacto que nos leve mais a fundo e nos desvie da falsa bondade dos condescendentes. Vamos selar agora o pacto entre os homens.
ResponderExcluirQuanto ao poema, fico feliz que tenha gostado. Devo retribuir e dizer que esses dias estive muito impressionado com o "pactario" e certamente foi uma influencia.