“Saudações a todos. Nasce o Estandarte do Povo - movimento político e cultural - que tem o intuito de fazer reverberar a voz de qualquer um que se proponha a propagar conhecimentos livres e libertadores. A intenção é trazer a todos, importantes contribuições que têm se perdido no tempo. Venha conosco, leia e contribua para que o Estandarte possa de fato alcançar sua meta. Deixe o Estandarte do Povo passar!”

Ricardo Maciel, Robson Rocha e Wadson Xavier.

Contribuições pelo E-mail: estandartedopovo@hotmail.com

Deixa o estandarte do povo passar
eu quero ver esta gente cantar
cantando a plenos pulmões
a alegria dos corações
que ainda precisam
do samba pra chorar

Canta, minha gente canta
Deixa o estandarte passar
que o carnaval da gente
ele veio inaugurar

Eu vou cantar com empolgação
na avenida encontrei a redenção
Vou seguir os passos do poeta,
agora é a vez da nossa festa!

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Protesto burro.

Diogo Tourino de Sousa – Cientista Político (UFV), pesquisador do Centro de Estudos Direito e Sociedade (CEDES/IESP).

Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Ciências Sociais. Campus Universitário. Viçosa-MG. CEP: 36570-000. Telefone: (31) 3899-3445.

e-mail: diogotourino@hotmail.com

Há alguns anos a cédula eleitoral era o mecanismo com o qual os cidadãos brasileiros expressavam, de tempos em tempos, suas opiniões sobre o estado das coisas no país. Por vezes, o protesto contra a classe política e as instituições democráticas se dava no voto em personagens fictícios ou animais de zoológico – como os exemplos do macaco Tião e do rinoceronte Cacareco bem ilustram – em vista da possibilidade subjetiva de escrever na cédula o que o eleitor bem quisesse. Hoje, na era da urna eletrônica, parece que as atitudes de outrora encontraram uma nova forma de dar vazão a insatisfação dos brasileiros. Ante a impossibilidade de escapar do “escol” de opções determinado pela urna, e mesmo da pouca significância dos votos nulos e brancos – ambos inválidos e fora da conta final –, uma fatia considerável do eleitorado parece ter adotado o escracho como alternativa viável. Não por acaso, o palhaço Tiririca obteve mais de um milhão de trezentos mil votos em São Paulo, configurando como o candidato a deputado federal mais votado no país. O curioso é que esse “voto de protesto”, motivado pela insatisfação com políticos defenestrados pela opinião pública, torna vencedores, por meio da proporcionalidade e coligações, exatamente aqueles que se pretendia punir. Tiririca, ancorado num slogan perverso para a vida democrática – “pior do que está, não fica” – alcançou sozinho mais de quatro vezes o quociente eleitoral elegendo, com ele, personagens não tão “populares”. Ainda assim, o sistema sobreviverá. No Congresso, o palhaço e seus “caronas” serão diluídos numa lógica dominada por lideranças de bancada e disciplina partidária, integrando o “baixo clero”, conforme a vulgata parlamentar ironicamente denomina. A bancada eleita nas costas de Enéas Carneiro nas eleições de 2002, exemplo similar de sucesso eleitoral por meio da pilhéria, atesta o destino desses futuros parlamentares: em quatro anos, nenhum projeto aprovado, nenhum barulho feito. Todo o estardalhaço observado durante o processo eleitoral se perdeu no funcionamento cotidiano de uma estrutura que parece ter naturalizado esse tipo de problema. Não questiono a possibilidade democrática de personagens como Tiririca participarem do pleito. Penso, apenas, nessa forma de protesto burro que acaba por beneficiar exatamente aqueles que se pretendia condenar. O caminho já foi descoberto e podem estar certos, será utilizado novamente. O sucesso eleitoral de alguns alinhava um interessante caminho para que políticos conspurcados no passado possam, sem muito esforço, se reabilitar na vida pública. Na contracorrente, podemos pensar que o mundo pode ser sempre pior, ou melhor, depende das nossas escolhas.

Viçosa, 04 de outubro de 2010.

2 comentários:

  1. Quanto a isso eu teria apenas uma pergunta: por que será que isso sempre acontece em São Paulo? Porque, esse mesmo Estado, além de ter elegido Enéias e Tirica com uma quantidade enorme de votos, elegeu também Clodovil, Frank Aguiar também com votações significativas.
    É claro que fenômenos parecidos aconteceram em todo o país, mas não sistematicamente como ocorre em São Paulo.
    A título de provocação, mesmo sabendo que poderia estar sendo ofensivo demais - assumo este risco de bom grado, me parecem apropriados os versos de Schiller que Nietzsche dedicara aos ingleses, mais especificamente ao utiliritarismo deste povo:

    Salve, bravos carregadores,
    "Mais longo o trabalho, mais favores",
    Sem ânimo e vontade de sorrir,
    Sempre duros de cabeça e braço,
    De originalidade nenhum traço,
    Sans génie et sans esprit!

    Ora, se a política brasileira está hoje dominada pelos paulista, tendo em vista que PT e PSDB são originários deste Estado, talvez se justifique nisto a pobreza da política contemporânea, muito mais preocupada com a economia do que com a própria política.

    ResponderExcluir