“Saudações a todos. Nasce o Estandarte do Povo - movimento político e cultural - que tem o intuito de fazer reverberar a voz de qualquer um que se proponha a propagar conhecimentos livres e libertadores. A intenção é trazer a todos, importantes contribuições que têm se perdido no tempo. Venha conosco, leia e contribua para que o Estandarte possa de fato alcançar sua meta. Deixe o Estandarte do Povo passar!”

Ricardo Maciel, Robson Rocha e Wadson Xavier.

Contribuições pelo E-mail: estandartedopovo@hotmail.com

Deixa o estandarte do povo passar
eu quero ver esta gente cantar
cantando a plenos pulmões
a alegria dos corações
que ainda precisam
do samba pra chorar

Canta, minha gente canta
Deixa o estandarte passar
que o carnaval da gente
ele veio inaugurar

Eu vou cantar com empolgação
na avenida encontrei a redenção
Vou seguir os passos do poeta,
agora é a vez da nossa festa!

quarta-feira, 13 de abril de 2011

A HISTÓRIA DO NEGRO NO BRASIL


Já se tornou um tema de ampla discussão na sociedade a questão referente à correção ou não das políticas positivas que garantem a separação de cotas nas universidades para a população que se declara afro-descendente. Os argumentos contra e a favor são os mais variados. Quando é a favor, o discurso em sua defesa usará o argumento da história e da exploração dos negros durante o período escravista. Quando for contra, por outro lado, o argumento utilizado buscará validar a opinião de que, apesar de legítimo, o discurso favorável às cotas não considera o fato de que estas políticas afirmativas não superam nem restituem a população afro-descendente de sua espoliação no passado.

Há também, não se pode esquecer, uma serie de interesses conflitantes que perpassam esta questão, até porque a parte da sociedade afetada negativamente por estas políticas é a classe média consolidada - que não é predominantemente negra e, por isso, perde vagas nas universidades publicas; enquanto aquela que é favorecida é justamente a enorme classe media emergente atualmente no Brasil – que é negra e por isso passa a ocupar as vagas anteriormente destinadas para a classe media branca. Por isso, além de ser uma questão substantiva, porque visa reparar um erro histórico do Estado brasileiro, também é, como se vê, um problema que afeta diretamente a sociedade atual, o que justifica sua enorme repercussão.

Não obstante, apesar das discordâncias, algo que não se pode negar é que se trata de um erro do Estado brasileiro, ainda que uma parcela da sociedade tenha se beneficiado da exploração da população negra num passado muitas vezes até recente. Isso, porque, é ao Estado soberano que é confiada a diretriz de toda a nação, o que o responsabiliza historicamente por esta falha e o exige reparação, ainda que isso implique em choques com a classe média consolidada.

Por isso, ainda que incompletas, as políticas afirmativas representam um avanço do Estado brasileiro, além de serem justas, já que reparam sim, mesmo que minimamente, um erro histórico que ainda embarga o completo desenvolvimento de nossa nação: nosso apartheid disfarçado! Contudo, por outro lado, é indispensável avançarmos no tema, porque estas políticas são mesmo insuficientes. Só superaremos este atraso caso toda historia do negro seja recontada. Isso só será possível, portanto, quando a historia do negro for dignificada, o que não é sequer difícil, já que os elementos mais característicos de nossas personalidades, a alegria e a cordialidade, são inteiramente dependentes da influencia da população de descendência africana no Brasil, assim como nossos maiores símbolos e as maiores marcas e conquistas de nosso povo. O samba, por exemplo, nasceu no morro, entre os negros e em sua história perfilam nomes como Cartola, Nelson Cavaquinho, Nelson Sargento e Batatinha, homens que marcaram muitas vidas com a sutileza de suas poesias que não devem nada a nenhum poeta clássico da língua portuguesa. E a grande maioria dos sambistas era e é negra! O futebol tem um príncipe – Garrincha – e um rei – Pele – e os dois são negros. Assim como um de nossos maiores escritores, Lima Barreto, também era negro!

Para isso, contudo, será indispensável também que a história da África e dos povos africanos que vieram para o Brasil, assim como a historia dos negros no Brasil – a resistência dos quilombos e o desenvolvimento das favelas, por exemplo – seja considerado um tema tão importante quanto nos é a história da Europa. Isso significa que elas devem ser também matérias obrigatórias desde o ensino fundamental e com a mesma ênfase e amplitude das demais. É igualmente necessário, não obstante, que se retire completamente o estigma das religiões afro-descendentes – o candomblé e a umbanda. A intolerância à qual seus praticantes ainda são submetidos dia a dia já não pode ser mais aceita pela sociedade brasileira, até porque liberdade de credo é um direito primário de qualquer democracia.

Na verdade, esta é uma tarefa histórica de nossa geração, que hoje já vive em democracia, até porque não há nada mais devastador para cada um de nós do que a perda de nossa história, já que é da historia que os homens retiram os símbolos e sentido de suas vidas; é pela historia que os homens podem transformar o mundo e a própria historia. Por conta disso não temos outra escolha a não ser superar nosso apartheid disfarçado e recontar a historia dos negros no Brasil. Somente assim poderemos impulsionar o nosso desenvolvimento e garantir nossa consolidação como país soberano e efetivamente democrático. Mas é preciso agir imediatamente!

“Samba!/ Negro forte, destemido/ Foi duramente perseguido/ Na esquina, no botequim e no terreiro!”

(Nelson Sargento – Agoniza, mas não morre).

2 comentários:

  1. A discordância de vários sectores da sociedade com a politicas afirmativas como as cotas é exactamente a agonia da classe média em perder benefícios sobre a população desfavorecida e renegada de seus direitos por séculos, e para isso usam o falso argumento de igualdade de direitos, do principio constitucional da isonomia. A igualdade plena consiste em igualar os desiguais, através de açoes como politicas afirmativas, que se nao sao a soluçao, pelo menos amenizam o flagrante contraste social.

    É certamente através de uma revolução no conteúdo educacional, que passaria a identificar não só na influencia europeia -mas também na negra e indígena- a formação do povo brasileiro, somente assim os venceremos preconceitos e daremos valor a politicas de igualdade e cidadania que são tão combatidas por uma classe média que hoje não se dá ao trabalho de pensar o Brasil pelo enfoque do próprio brasileiro.

    ResponderExcluir